Economia

Balança de fevereiro deve reforçar tendência de queda nas exportações

China foi a maior responsável pelo déficit do Brasil em janeiro e segue como um desafio do comércio exterior devido ao coronavírus

Porto de Santos: exportações brasileiras para a China caíram quase 9% somente em janeiro (Germano Lüders/Exame)

Porto de Santos: exportações brasileiras para a China caíram quase 9% somente em janeiro (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2020 às 05h41.

Última atualização em 2 de março de 2020 às 07h39.

São Paulo — Após um déficit de 1,7 bilhão de dólares na balança comercial de janeiro — depois de sucessivos superávits para o mês nos últimos quatro anos — será conhecido nesta segunda-feira, 2, o resultado das exportações e importações feitas pelo Brasil em fevereiro.

Principal destino dos desembarques brasileiros, a China foi a maior responsável pelo resultado deficitário do Brasil no primeiro mês do ano e segue sendo o principal desafio do comércio exterior em 2020 sob dois aspectos: guerra comercial e coronavírus.

As tensões entre Estados Unidos e China já enfraqueceram o comércio global no ano passado, quando o Brasil registrou um recuo de 20% no superávit comercial em relação a 2018. Em janeiro, só as exportações brasileiras para a China registraram queda de quase 9%, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

O acordo de facilitação de comércio entre americanos e chineses atinge principalmente as exportações de soja e de carne do Brasil para a China. Os Estados Unidos são o principal concorrente brasileiro na venda desse último item. O movimento também pode ser um precedente para novas restrições caso não haja novos acordos duradouros, segundo um relatório recente do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV. “Que novos acordos podem ser esperados? O cenário é de incerteza”, publicou o Ibre.

Junto com o clima de incerteza gerado pelo embate entre as duas maiores economias do mundo, o avanço dos casos de coronavírus em mais de 50 países atinge o comércio exterior de uma forma geral e ameaça cadeias inteiras de produção pelo mundo.

O Ibre estima que, apesar de ainda haver bastante incerteza sobre as potenciais perdas do comércio brasileiro com a China — já que não se sabe quanto tempo irá demorar para que o surto seja controlado –, as exportações do Brasil para o país asiático poderão recuar ao redor de 15% em 2020. E essa, segundo o instituto, é uma visão otimista.

Apesar de ser o mais relevante, a China, por ora, não é o único risco no front. A Argentina, outro importante parceiro brasileiro luta para sair de uma crise econômica. O efeito Argentina pode reduzir o crescimento brasileiro em 0,3 ponto percentual neste ano, segundo estimativas do Ibre.

A Argentina já caiu no ano passado de terceiro para quarto principal destino das exportações brasileiras, com vendas brasileiras recuando 34% entre 2019 e 2018, para 9,8 bilhões de dólares. Já a China é a maior parceira comercial brasileira tanto em importações quanto em exportações. Foram 63,4 bilhões de dólares em produtos brasileiros vendidos para os chineses em 2019, o equivalente a 28% das exportações brasileiras. Para o Brasil, ver seus principais parceiros saudáveis em 2020 será essencial.

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