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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - O Banco Central (BC) sempre justifica que a alta da taxa básica de juros (Selic) é uma necessidade para conter o consumo e a consequente elevação de preços que o aumento da procura determina, provocando inflação. Mas a baixa taxa de investimentos também está na raiz do problema, como ressalta o economista Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios.
De acordo com o economista, a taxa de juros no Brasil é a mais alta do mundo principalmente porque o volume de investimentos é muito baixo. Ele explica que com pouco investimento qualquer aumento da demanda pressiona os preços, e o BC precisa aumentar a Selic para conter a demanda. Só que, com os juros altos, o custo dos financiamentos aumenta e a taxa de investimentos tende a cair.
O resultado disso, acrescenta Alcides Leite, especialista em mercado financeiro, é que o país fica sujeito a crescer pouco, preso num "círculo vicioso", no qual o crescimento leva à inflação; esta pressiona o aumento dos juros; taxas mais altas provocam queda dos investimentos; e a falta de investimentos impede o aquecimento da economia sem inflação.
Para o economista, é preciso trocar o "círculo vicioso" por um "círculo virtuoso", com mais investimentos, mais oferta de bens e serviços, crescimento sem inflação, queda dos juros e mais investimentos. Ele defende que a receita para alcançar esse estágio começa pelo ajuste fiscal, com o poder público gastando só o que arrecada, incluindo os custos do serviço da dívida pública.
De acordo com o professor, o ajuste fiscal não implica em redução de gastos sociais, mas sim de gastos supérfluos. Além disso, enfatiza a necessidade de um compromisso com déficit nominal zero, deste governo e de quem vier em 2011, para que os investidores, internos e externos, tenham mais confiança no crescimento sustentado da economia brasileira e aumentem suas aplicações no país.
Oportunidades para inversões pesadas de recursos não faltam, disse, a começar pelas carências de melhoramento em infraestrutura de transporte, de energia, de telecomunicações, de saúde, de educação, de segurança e outros, como lembra o advogado Kleber Luiz Zanchim. Segundo ele, "o caminho está aberto", inclusive, para as parcerias público-privadas (PPPs) nos investimentos de grande porte como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016.
Zanchim enfatiza que "o Estado e a iniciativa privada não são adversários", e diz que as PPPs devem promover "jogo aberto" na busca de melhorias para o Brasil. Ele ressalta que é preciso programar os investimentos, de modo a que os empreendimentos realizados para a Copa do Mundo também possam ser usados nas Olimpíadas, e acrescenta que os projetos devem se inserir no contexto de desenvolvimento regional e nacional, o que exige um planejamento coordenado entre União, estados e municípios.