Segundo o IBGE, o impacto da crise econômica mundial foi sentido de forma mais intensa pela indústria da transformação (Divulgação/Honda)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2012 às 12h59.
Rio de Janeiro – O crescimento da indústria da transformação, apenas 0,1%, em 2011, foi um dos principais responsáveis pela desaceleração da economia brasileira, que cresceu 2,7% no ano passado, depois de uma alta de 7,5% em 2010. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o baixo crescimento desse segmento da indústria foi puxado pelas quedas na produção de setores como vestuário, metalurgia, automóveis e máquinas e material elétrico.
Segundo o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, a economia brasileira, como um todo, sentiu o impacto da crise econômica mundial. De acordo com ele, esse impacto foi sentido de forma mais intensa pela indústria da transformação.
“Há uma conjuntura que vem, desde 2008, de incerteza. Você tem o resto do mundo que está incerto e uma economia brasileira que teve que se organizar, dentro desse cenário de incerteza. Portanto, há um mercado que está exportando menos. E você teve que ter políticas monetárias, tentando controlar a questão dos preços. Teve políticas do Banco Central para a taxa de câmbio, mantendo a estabilidade. Há vários fatores”, disse.
Segundo ele, quando se tem “uma desaceleração, tanto no consumo quanto no investimento, quem sente esse impacto imediatamente é a indústria da transformação”. “A indústria da transformação sentiu um impacto maior na sua relação com o resto do mundo, ou seja, com as exportações. Em menor parte, houve um impacto da diminuição do consumo das famílias e dos investimentos dentro do país”, completou Olinto.
Apesar do desempenho de quase estabilidade da indústria de transformação, a indústria como um todo teve um crescimento de 1,6%, sustentado principalmente pelas altas nos setores de construção civil (3,6%), extrativa mineral (3,2%) e produção e distribuição de eletricidade, gás e água (3,8%).
A agropecuária foi o principal motor que impulsionou a economia em 2011, com um crescimento de 3,9%, influenciado pelo aumento da produção nos cultivos de algodão, fumo, arroz, soja e mandioca, apesar das quedas nos plantios de cana-de-açúcar, café e trigo.
Os serviços, que respondem por dois terços do PIB, tiveram uma expansão de 2,7%, com destaque para os serviços de informação, que cresceram 4,9% em 2011.
O consumo das famílias teve um aumento de 4,1%, o oitavo crescimento consecutivo, mas inferior ao registrado em 2010 (6,9%). Já a formação bruta de capital fixo (investimentos) e o consumo do governo tiveram altas de 4,7% e 1,9%, respectivamente.
Na avaliação do mercado externo, as exportações de bens e serviços tiveram alta 4,5%, mas as importações subiram ainda mais: 9,7%. Entre os produtos que se destacam na pauta de importações brasileira estão produtos químicos inorgânicos, materiais e equipamentos, material elétrico, material eletrônico e de comunicação, automóveis e autopeças.