Economia

Avicultores negociam apoio para transporte de milho

Indústria de aves discute com governo a realização de leilões específicos para viabilizar o transporte de Mato Grosso até a região Sul do país


	Criação de galinhas: setor de carne de frango está atento aos desdobramentos no mercado chinês
 (Joern Pollex/Getty Images)

Criação de galinhas: setor de carne de frango está atento aos desdobramentos no mercado chinês (Joern Pollex/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2013 às 15h44.

São Paulo - A indústria de aves do Brasil discute com o governo a realização de leilões específicos para viabilizar o transporte do milho barato de Mato Grosso até a região Sul do país, onde estão grandes consumidores do cereal usado na produção de frangos, disse nesta segunda-feira o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).

Representantes do setor discutirão o assunto nesta terça-feira com o Ministério da Agricultura, dando continuidade a negociações iniciadas na semana anterior.

"Há milho suficiente (no país), o que está havendo é uma falta de leilões para o Sul, porque aqui escoamos a maior parte pelo porto do Rio Grande (RS), e necessariamente haverá necessidade de 'importar' de Mato Grosso", disse à Reuters Francisco Turra.

O governo, por meio de leilões de prêmio de escoamento (Pepro), tem subsidiado o transporte de milho, especialmente de Mato Grosso, mas quem tem se benefiado por ora é o setor exportador. Com o sistema, é garantido um preço mínimo ao agricultor, desde que o transporte seja feito para as regiões indicadas no edital.

O governo precisa criar uma política para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os maiores produtores de carne de frango do país, disse Turra, que esteve na última sexta-feira com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, para relatar o impasse vivido pelo setor na região.

Segundo ele, os dois Estados juntos precisariam de cerca de 700 mil toneladas para atender à avicultura local no curto prazo, visando atender a demanda antes da chegada de cereal da safra nova, no começo do próximo ano.

"É urgente que se promovam leilões aqui", disse Turra.

O programa do governo visa dar sustentação aos preços do produto, em benefício do agricultor, após uma safra recorde do cereal do Brasil, mas a indústria reclama que seus negócios estão sendo afetados, diante de preços mais altos da matéria-prima, em algumas regiões, como o Sul.


"O preço do milho está subindo aqui (RS), e como o preço do farelo de soja está subindo bastante... tem uma preocupação do setor, não é apenas com o milho. Precisa de uma política de regulação para o setor", disse.

Ele observou que o preço do milho em Mato Grosso está em 12 reais por saca, bem abaixo dos 27 reais a 28 reais registrados em média no Rio Grande do Sul, disse Turra, citando levantamento da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Na terça-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fará um leilão de Pepro para apoiar o transporte de 700 mil toneladas, mas o certame exclui a entrega do cereal para os Estados do Sul.

"Este leilão não nos atende, e é por isso que nós reclamamos... ciente deste leilão, da exclusão do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, é que o setor reclamou (para o governo)", disse Turra.

O diretor-executivo da Asgav, Eduardo Santos, considera que este volume de 700 mil toneladas seria suficiente para suprir o mercado local até a entrada da próxima safra.

Segundo ele, os representantes terão reunião na terça-feira com o secretário de Política Agrícola, na qual vai pedir a realização urgente de um leilão para a próxima semana.

"Estamos em fase avançada... Isso daria uma acalmada nos ânimos. É inconcebível ter milho lá em Mato Grosso com produtor precisando vender, e nós aqui dependendo de uma política agrícola", comentou.

Exportação

Do lado da exportação, o setor de carne de frango está atento aos desdobramentos no mercado chinês. Turra observou que há a expectativa de habilitação de mais cinco plantas com permissão para exportar à China.

"Há tempos nós esperamos a confirmação... Mas agora com a mexida que foi dada lá pela CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária) e pelo vice-presidente da República (Michel Temer), a promessa foi de que teremos a habilitação destas cinco unidades", disse Turra.

Com a medida o número de plantas habilitadas poderia chegar a 29 plantas, elevando o potencial de exportação brasileira de carne de frango a 230 mil-240 mil toneladas/ano.

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorCommoditiesExportaçõesMilhoSetor de transporteTransporte e logística

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto