Indústria: "esse crescimento em São Paulo ocorre após dois meses de quedas", diz especialista (bugphai/ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2015 às 17h04.
Rio - O crescimento de 7,1% da indústria paulista em janeiro ante dezembro de 2014 deve ser relativizado, porque ocorre sobre uma base de comparação fraca e não recupera as perdas anteriores, afirmou o economista Fernando Abritta, pesquisador na Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Esse crescimento em São Paulo ocorre após dois meses de quedas. Então esse 7,1% de aumento na produção não foi suficiente para recuperar as perdas acumuladas em novembro e dezembro do ano passado, que foram de 9%", apontou Abritta.
O pesquisador ressaltou ainda que, embora em outubro a indústria paulista tenha registrado ligeiro aumento de 0,2%, a produção vinha de outros quatro meses de resultados negativos, de junho a setembro, quando acumulou uma queda de 3,7%. "Então a base de comparação estava muito baixa", explicou ele.
Na passagem de janeiro para dezembro, houve recuperação, sobretudo, nos segmentos de metalurgia, máquinas e materiais elétricos, máquinas e equipamentos, veículos automotores e outros equipamentos de transporte. "Mas a explicação maior é a base de comparação fraca", confirmou.
Na comparação com janeiro de 2014, entretanto, São Paulo registra uma queda de 5,4% na produção, a 11ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. "Então a produção industrial de São Paulo vem caindo há quase um ano", observou Abritta. A retração foi puxada por resultados negativos em 15 das 18 atividades pesquisadas, com destaque para veículos, máquinas e equipamentos, e produtos alimentícios.
Responsável por 36% de toda a produção industrial nacional, São Paulo fabricou menos automóveis, caminhões tratores para reboques, motoniveladores, reboques autocarregáveis para uso agrícola, partes e peças para máquinas para colheitas, válvulas, torneiras e registros, elevadores para transporte de pessoas, tratores agrícolas, açúcar refinado, carnes de bovinos, bombons e chocolate em barra contendo cacau, leite condensado, sorvetes e picolés.
"Toda a conjuntura negativa que vem afetando a indústria permanece. Os juros aumentaram, além de o crédito estar mais restrito, o que vai impactar diretamente a indústria de automóveis e eletrodomésticos. A construção civil desaquecida afeta a metalurgia e minerais não metálicos. A crise na Argentina impacta as exportações, os estoques permanecem elevados, o consumo caiu. Há a desaceleração na China, e a Europa também está patinando", enumerou o pesquisador do IBGE.