Economia

Avanço do coronavírus pode levar EUA à recessão, diz ex-presidente do Fed

Na quarta-feira, Trump disse que risco ainda é pequeno para americanos, mas que país está pronto para enfrentar epidemia

Coronavírus na China (Paul Yeung/Bloomberg)

Coronavírus na China (Paul Yeung/Bloomberg)

AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 11h50.

Washington - A ex-presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, disse que, dependendo da extensão da epidemia do coronavírus, o impacto econômico pode ser significativo na Europa e levar os Estados Unidos a uma recessão.

"Pudemos ver um impacto significativo na Europa, que tinha sido fraco no início, e é concebível que isso possa levar os Estados Unidos a uma recessão", afirmou Janet Yellen, na quarta-feira, em um evento realizado pela Brookings Institution, em Clinton Township, Michigan.

"Se não ocorrer de maneira substancial nos Estados Unidos, é menos provável. Tínhamos uma perspectiva bastante sólida antes que isso acontecesse - e há algum risco, mas basicamente acho que a perspectiva dos EUA parece muito boa".

A economia global estava fraca, mas começando a se recuperar antes da chegada do novo coronavírus, acrescentou Yellen, ressaltando que o fechamento de fábricas devido à epidemia na China afetará as cadeias de suprimentos e causará uma queda nos gastos dos consumidores, pois as pessoas ficam em quarentena ou deixam de viajar.

Trump: "risco para americanos ainda é baixo"

Durante entrevista coletiva concedida na noite de quarta-feira, o presidente Donald afirmou os EUA estão prontos para enfrentar a epidemia do novo coronavírus e que a doença ainda impõe "um risco muito baixo"  para o povo americano, acrescentando que não há motivo para entrar em pânico. No entanto,  logo após a fala do presidente, o secretário de Saúde dos EUA, Alex Azar, admitiu que o risco pode aumentar.

Trump também anunciou que convocou o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, para comandar o grupo de trabalho responsável por lidar com o novo coronavírus no país. Ele prometeu atuar em conjunto com as autoridades de saúde dos estados norte-americanos para conter o avanço do Covid-19.

Os casos de coronavírus se espalharam para países como Coréia do Sul e Itália, e Trump disse que as viagens dos Estados Unidos para outros países, além da China, podem ser interrompidas em algum momento.

No evento de Michigan, Yellen também comentou sobre a queda do rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA para mínimos históricos nesta semana. Os rendimentos caíram à medida que os temores sobre a disseminação do coronavírus abalaram os mercados financeiros globais.

"Os participantes do mercado procurarão o Fed para obter algum apoio. Na maioria dos países desenvolvidos, as taxas de juros são realmente baixas - e são muito baixas nos Estados Unidos, porém mais altas do que na maioria das outras economias desenvolvidas. E o Fed tem algum escopo - não é uma solução completa. Mas fornecerá um pouco de apoio aos gastos dos consumidores e à economia dos EUA e aos mercados financeiros. E, é claro, se isso se tornar muito sério, a política fiscal também poderá ter um papel mais ativo", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEstados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve System

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto