Economia

Aumento de impostos pode estar a caminho

Em vez de iniciar o aperto fiscal pelo lado das despesas, o governo pode começar pelas receitas


	Joaquim Levy: o ministro falou abertamente sobre a necessidade de elevação de impostos de forma a seguir o "imperativo da disciplina fiscal"
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Joaquim Levy: o ministro falou abertamente sobre a necessidade de elevação de impostos de forma a seguir o "imperativo da disciplina fiscal" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2015 às 08h01.

Brasília - Com o impasse sobre o momento de anunciar um grande corte de despesas federais no Orçamento 2015, que precisa ainda ser aprovado pelo Congresso Nacional, o governo pode partir para o "plano B". Isto é, em vez de iniciar o aperto fiscal pelo lado das despesas, começaria pelas receitas.

Em seu discurso de posse, o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, falou abertamente sobre a necessidade de elevação de impostos de forma a seguir o "imperativo da disciplina fiscal". O mote foi inaugurado pela própria presidente Dilma Rousseff em sua mensagem ao Congresso.

O governo deve voltar a elevar a Cide, o tributo que sobre os combustíveis, zerado desde junho de 2012. Se optar por iniciar o ajuste fiscal pelo lado das receitas, o governo pode anunciar a elevação da Cide na próxima semana, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

Além disso, o governo tem uma importante carta na manga. A unificação e simplificação de dois dos tributos mais complexos do Brasil, o PIS e a Cofins, pode ser associada a uma elevação de impostos no curto prazo, dependendo da alíquota definida.

Uma das ideias trabalhadas nos bastidores é "vender" a medida da seguinte forma: "Um aumento de tributos no curto prazo, mas uma simplificação total para sempre".

A presidente Dilma Rousseff ainda não se decidiu sobre o formato dessa medida, que, em todo caso, somente entraria em vigor em 2016.

Despesas

O primeiro pacote de aperto fiscal anunciado pelo governo, nos dias finais de 2014, atacou justamente o lado das despesas, seguindo o que seria o "plano A": basear-se de forma mínima em aumentos de tributos e impostos.

O pacote consistia em regras muito mais rígidas para a concessão de benefícios previdenciários, como pensão por morte e auxílio doença, e trabalhistas, como o seguro-desemprego e o abono salarial.

Mas para se materializar efetivamente nas contas públicas essa medida de ajuste nos benefícios precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional e, no caso do seguro-desemprego, aguardar um período de seis meses entre a aprovação da nova lei e a entrada em vigor das novas regras.

A economia de R$ 18 bilhões em gastos federais apresentada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, não será, dessa forma, alcançada neste ano. Internamente, o governo avalia que, se for bem-sucedido, esse pacote poupará cerca de R$ 2 bilhões neste ano.

A apreensão do governo com as contas públicas é grande. Neste primeiro semestre, a política fiscal estará no centro do escrutínio que as maiores agências internacionais de classificação de risco - Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s - farão da economia brasileira.

O governo teme que as agências fiquem presas aos indicadores como estão agora e, com isso, acabem rebaixando a nota de crédito do Brasil, o que poderia prejudicar ainda mais a atração de investimentos.

O objetivo do ajuste fiscal em preparação é justamente criar sinalizações de que, a partir deste ano, o quadro do País mudará drasticamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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