Notas de iuane: economistas preveem que a desaceleração pode se aprofundar no segundo trimestre do ano (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2014 às 09h05.
Pequim - As chances de o governo chinês intervir para sustentar a economia são cada vez maiores após uma série de dados que indicam o crescimento mais fraco da China desde a crise financeira global.
Mas os problemas econômicos podem ainda não ter acabado, uma vez que alguns economistas preveem que a desaceleração pode se aprofundar no segundo trimestre do ano.
Isso tudo leva a uma crescente pressão sobre Pequim para que forneça um impulso à economia tendo em vista a meta de crescimento no ano de cerca de 7,5 por cento.
"O governo provavelmente terá que fornecer algumas medidas de suporte", disse Wei Yao, economista do Société Générale em Hong Kong. "Acho que a desaceleração ainda não acabou e nossa expectativa é que ela continue no segundo trimestre".
A pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI na sigla em inglês) preliminar de março mostrou na segunda-feira que o setor industrial encolheu pelo terceiro mês seguido. Ela seguiu-se a dados mais fracos do que o esperado para a produção industrial em janeiro e fevereiro e uma surpreendente queda nas exportações.
Os dados sobre a indústria pesaram sobre os mercados globais uma vez que investidores estão preocupados com o impacto de uma desaceleração na China sobre a economia mundial.
Yao espera que o crescimento econômico chegue a 7,2 por cento no primeiro trimestre deste ano ante o quarto trimestre de 2013, e então desacelere ainda mais no segundo trimestre para 6,9 por cento.
Já o Nomura vê expansão de 7,3 por cento no primeiro trimestre e então de 7,1 por cento no segundo, enquanto o Barclays vê desaceleração de 7,3 por cento para 7,2 por cento.
Toda as previsões representam o crescimento mais lento desde o primeiro trimestre de 2009, quando atingiu 6,6 por cento.
Analistas disseram que qualquer medida de política para sustentar a economia seria modesta e certamente não na escala da crise financeira global, enquanto uma torrente de empréstimos levou a um aumento sem precedentes da dívida.
Hongbin Qu, economista-chefe do HSBC, sugeriu que essas medidas podem incluir "redução de barreiras para o investimento privado, gastos em metrôs, limpeza do ar e moradia pública, e redução das taxas de empréstimo".
Zhiwei Zhang, economista do Nomura, avalia que o banco central também fará sua parte, reduzindo as reservas compulsórias dos bancos --atualmente de 20 por cento para grandes bancos. Isso liberaria fundos para os bancos emprestarem.
Neste mês, fontes disseram à Reuters que o banco central está preparado para afrouxar a política monetária para manter a economia crescendo a 7,5 por cento. No ano passado, a economia chinesa cresceu 7,7 por cento, o mesmo ritmo de 2012.
Na semana passada, o premiê Li Keqiang disse que a China vai acelerar o investimento e os planos de construção para garantir que a demanda doméstica tenha expansão a um ritmo estável, uma indicação de que as autoridades estão avaliando medidas práticas para sustentar a economia.
Mas nem todos os analistas estão convencidos de que Pequim vai intervir para sustentar a economia, já que não há sinais de que o desemprego é um problema.
"Não achamos que os últimos dados justificam uma resposta de política, por enquanto, no mínimo", disse Julian Evans-Pritchard, economista de Ásia do Capital Economics.