Nas estimativas trabalhadas pela equipe econômica, o PIB deve aumentar entre 3,1% e 3,5% neste ano - o que configuraria o melhor registro do governo Dilma (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2013 às 10h30.
Brasília - Preocupado com o ritmo da economia brasileira neste ano, o governo voltou a apertar todos os botões ainda disponíveis para estimular o crescimento, com atuação prioritária nas desonerações de impostos.
"O foco é 2014" é o novo mantra na equipe econômica e mesmo nos setores envolvidos em discussão de conjuntura no Palácio do Planalto. Este horizonte casa com as eleições presidenciais de 2014, quando a presidente Dilma Rousseff disputará a reeleição.
Hoje, o governo sabe que o primeiro trimestre terminou num ritmo mais fraco do que começou - o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter registrado avanço de 0,9% nos primeiros três meses do ano, ante o último trimestre de 2012.
Nas estimativas trabalhadas pela equipe econômica, o PIB deve aumentar entre 3,1% e 3,5% neste ano - o que configuraria o melhor registro do governo Dilma, mas ainda muito distante da média do antecessor.
A questão, agora, é evitar que a economia perca muita força entre o primeiro e o segundo trimestre, de forma a sustentar o ritmo até 2014. Nos bastidores, o governo admite até mesmo retomar o ritmo frenético de pacotes com medidas de estímulo ao consumo e aos investimentos lançados nos dois primeiros anos de mandato da presidente.
Desde agosto de 2011, o governo lançou 15 pacotes para acelerar a economia. Bandeira A estratégia do governo é priorizar os cortes de impostos, porque eles atendem dois objetivos centrais para o Planalto.
Por um lado, ao reduzirem os custos de produção das empresas, esses benefícios aumentam a competitividade do mercado, uma bandeira que deve ser empunhada nas eleições presidenciais de 2014.
Ao mesmo tempo, as desonerações têm o efeito indireto de reduzir os preços de bens e serviços no País, diminuindo a pressão sobre a inflação no curto prazo.
Neste ano, Dilma aumentou a renúncia fiscal, já muito elevada nas projeções iniciais, ao decidir prorrogar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para a cadeia automotiva.
Mesmo economistas do governo admitem que havia outro entendimento na área econômica quanto ao IPI. Isso mudou de última hora por causa das informações recentes do desempenho da indústria. Em fevereiro, a produção industrial encolheu 2,5%.
Além disso, o governo também resolveu antecipar em quase dois meses a desoneração total dos 16 itens da cesta básica, previsto para ser anunciado no feriado de 1.º de maio.
Interessada em derrubar o índice de inflação já em março, a presidente optou por acelerar os planos. A lógica deve se repetir nas próximas semanas, com o anúncio da prorrogação do IPI reduzido para eletrodomésticos da linha-branca.
O benefício está previsto para acabar no fim de junho, e deve ser postergado para dezembro. Mais pacotes estão a caminho para sustentar o ritmo de crescimento da economia entre 0,7% e 1% por trimestre, de forma a assegurar o cenário de avanço do PIB trabalhado pelo Planalto.
O primeiro da fila é o conjunto de medidas para o setor sucroalcooleiro, que deve ser divulgado pelo Ministério da Fazenda ainda em abril. Os fabricantes de etanol devem ter redução dos tributos PIS e Cofins, que incidem sobre o faturamento, e desoneração da folha de pagamentos. Não será o último pacote.