EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.
Os primeiros passos da reforma ministerial promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva não resolvem seu principal problema: agregar apoio no Congresso ao governo, enfraquecido pelas denúncias do mensalão e de desvio de recursos públicos para campanhas do PT e outros partidos aliados. Para os analistas, os nomes anunciados até o momento seguem uma estratégia defensiva, que pretende apenas conter a corrosão do apoio parlamentar, em vez de consolidar uma confortável base aliada (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre o risco de o governo ser paralisado).
"Até agora, a reforma é um jogo de soma zero, em que o objetivo é apenas defender a posição do governo", afirma Rogério Schmitt, analista político da consultoria Tendências. Este é o caso, por exemplo, da indicação de Luís Marinho, presidente da Central Única dos Trabalhadores, para o Ministério do Trabalho, no lugar de Ricardo Berzoini, que deve voltar à Câmara dos Deputados. Confirmado nesta sexta-feira (8/7), Marinho representa apenas a troca de um nome ligado ao PT por outro, também do Campo Majoritário corrente petista que comanda o partido e da qual Lula faz parte. "Do ponto de vista político, a troca é inócua, porque não amplia o apoio ao governo, mas serve para assegurar a continuidade do apoio sindical", diz.
A recepção entre os sindicalistas foi positiva. O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que participa hoje de uma reunião do PT em São Paulo, chegou a afirmar que Marinho "é um grande nome, além do que, é ministro do Trabalho e não ministro do capital". Por isso, goza de prestígio junto às outras centrais sindicais. Segundo Schmitt, da Tendências, o único lado positivo da indicação é que Marinho talvez tenha força para retomar projetos importantes, como as reformas trabalhista e sindical, há muito esquecidas no Congresso.
Próximos passos
Nesta tarde, tomarão posse os novos ministros ligados ao PMDB: Saraiva Felipe (Saúde), Silas Rondeau (Minas e Energia) e Hélio Costa (Comunicações). A ampliação do espaço dos peemedebistas no gabinete também terá pouco efeito prático para o governo no Congresso. As reações da direção nacional do PMDB, ao longo da semana, que ameaçou expulsar os novos ministros, mostra que a manobra de Lula não foi suficiente para unificar o partido e levá-lo, em bloco, para a base aliada. "A divisão interna do PMDB parece insuperável", afirma Schmitt.
Os analistas acreditam que a reforma ministerial ainda não terminou. Em Brasília, cogitam-se novos lances, como a eventual fusão das pastas da Integração Nacional e das Cidades, o que fortaleceria o ministro Ciro Gomes e conduziria Olívio Dutra para um cargo na direção do PT.
Uma das mais aguardadas decisões é a possível saída do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken. Velho aliado de Lula, Gushiken compunha o chamado "núcleo duro" do governo o círculo de conselheiros mais próximos do presidente junto com José Dirceu (ex-Casa Civil), Luiz Dulci (secretaria-geral da Presidência) e Antonio Palocci (Fazenda). A eventual queda de Gushiken deve reforçar ainda mais a posição de Palocci junto a Lula. "Além de ser o ministro mais forte do gabinete, Palocci será seu conselheiro mais próximo, o que pode ser positivo", diz Schmitt, da Tendências.
Com informações da Agência Brasil.