Economia

Assessor de Soros prevê crise no Japão até 2020

Takeshi Fujimaki disse que uma crise fiscal na segunda maior economia da Ásia é inevitável


	Economia no Japão: rendimento dos títulos de 10 anos do governo japonês (JGB) pode saltar para 70 por cento
 (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Economia no Japão: rendimento dos títulos de 10 anos do governo japonês (JGB) pode saltar para 70 por cento (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2013 às 23h36.

Tóquio - Takeshi Fujimaki, um ex-assessor do bilionário George Soros e agora membro da câmara alta do Parlamento do Japão, disse que uma crise fiscal na segunda maior economia da Ásia é inevitável e nem um maior imposto sobre vendas, nem os Jogos Olímpicos de 2020 serão capazes de detê-la.

“Eu resolvi me tornar político porque eu acho que a crise financeira virá, mais cedo ou mais tarde”, disse Fujimaki em uma entrevista em 24 de setembro, em Tóquio. “Este montante de dívida continuará crescendo. Eu não acho que o Japão possa aguentar até 2020”.

O rendimento dos títulos de 10 anos do governo japonês (JGB) pode saltar para 70 por cento com base no que aconteceu na Rússia quando ela declarou moratória em 1998, disse Fujimaki. O rendimento de referência está agora no nível mais baixo no mundo, em 0,68 por cento, e o custo para proteger a dívida soberana da inadimplência está perto de uma baixa de quatro meses, em 62 pontos-base.

Antes de chegar ao poder nas eleições de dezembro, o Partido Democrático Liberal do primeiro-ministro Shinzo Abe delineou em 2011 um plano conhecido como o projeto dia-X para afastar uma potencial quebra no mercado de bônus. A dívida pública totalizou 924,4 trilhões de ienes (US$ 9,37 trilhões) naquele ano e subiu para mais de um quatrilhão de ienes, mais de duas vezes o PIB do Japão, a mais alta proporção no mundo. Abe deverá definir em 1 de outubro se subirá a taxa sobre o consumo de 5 por cento.

“É inevitável que vejamos uma grande desordem e o PDL tem que se afastar”, disse Fujimaki, que obteve seu assento no Parlamento pela legenda Partido da Restauração do Japão, na votação de 21 de julho.

Princípios do mercado

O Banco do Japão (BOJ) está tentando estimular a inflação de 2 por cento em dois anos comprando mais de 7 trilhões de ienes em JGBs ao mês. Os preços ao consumidor, excluindo alimentos frescos, subiram 0,8 por cento em agosto em relação ao ano anterior, o aumento mais rápido desde 2008, enquanto os custos de energia subiram, disse hoje a agência de estatísticas.

“Porque o BOJ está comprando enormes quantidades de JGBs, os princípios de mercado neste país não funcionam”, disse Fujimaki, que atuou como diretor e tesoureiro em Tóquio no Morgan Guarantee Trust Co., que mais tarde se incorporou à JPMorgan Chase Co. “A flexibilização monetária está criando uma bolha de JGB. Mais cedo ou mais tarde o mercado refletirá o risco de crédito”.

O principal indicador de inflação subirá 1,3 por cento no ano que começa em abril de 2014 e 1,9 por cento no ano fiscal de 2015, previram os membros do conselho do BDJ em julho, excluindo os efeitos de um aumento planejado dos impostos sobre vendas para 8 por cento em abril e 10 por cento em 2015.

O Japão implementará mais de 5 trilhões de ienes em medidas de estímulo no ano que começa em abril de 2014 e isenções fiscais de até 500 bilhões de ienes para empresas que fizerem investimentos de capital, disse o jornal Asahi em 21 de setembro, sem citar nenhuma fonte. Em um plano de reforma conhecido como Abenomics, o primeiro-ministro prometeu derrotar 15 anos de deflação usando as chamadas três flechas de estímulo fiscal, flexibilização monetária e um pacote de iniciativas orientadas ao crescimento.

Tóquio venceu Madri e Istambul para sediar os jogos de 2020 em uma decisão de 7 de setembro do Comitê Olímpico Internacional, trazendo o evento de volta para a capital do Japão pela primeira vez desde 1964. Até lá, o país já terá passado por sua crise financeira e estará em ascensão, disse Fujimaki.

“A Olimpíada virá em um momento de expansão da economia”, disse ele. Durante esse período de crescimento econômico, “talvez 5 por cento ou 6 por cento sejam níveis razoáveis para o rendimento de 10 anos”.

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