Economia

As lições de um dos maiores líderes globais em inovação

Em entrevista da Um Brasil antecipada para EXAME, Hirendra Patel diz que empresas brasileiras hesitam em ser pioneiras e que dinheiro não é problema

Hirendra Patel, um dos maiores especialistas em inovação do mundo (Fecomercio/Reprodução)

Hirendra Patel, um dos maiores especialistas em inovação do mundo (Fecomercio/Reprodução)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 5 de outubro de 2017 às 14h36.

Última atualização em 5 de outubro de 2017 às 19h20.

São Paulo - Democratizar a inovação é possível e não depende de dinheiro: estas são algumas das lições básicas de Hitendra Patel, uma das autoridades do mundo no assunto.

Descendente de indianos e nascido na Zâmbia, Patel dirige o IXL Center e o programa de Inovação e Crescimento da Hult International Business School.

Ele veio ao Brasil recentemente para uma conferência e gravou um vídeo para a plataforma Um Brasil.

Sua relação com o país já completa mais de duas décadas e ele diz que sempre se impressionou com o empreendedorismo, a criatividade e a resiliência dos brasileiros diante de uma economia volátil.

Mas citando o trabalho que fez em lugares como Braskem, Bunguee, Natura, Vale e Havaianas, Patel vê como preocupante a hesitação das grandes empresas brasileiras em serem as primeiras a fazer algo.

"Existe uma mentalidade de querer ser global, outra de ser melhor que os competidores, mas a principal mentalidade, que é um desafio para o Brasil, é que poucos dos empreendedores ou inovadores destas empresas querem ser pioneiros. Eles sempre perguntam se alguém já fez antes."

Uma de suas ideias é que a inovação pode ser democratizada, pois hoje é muito mais importante integrar tecnologias do que criá-las do começo.

Patel nota que Apple e Facebook só empacotaram de forma atrativa o que já havia sido criado antes. Ele também cita Israel e países do Leste Europeu, como Hungria e República Tcheca, como lugares onde isso acontece:

"São líderes em TI, no desenvolvimento de aplicativos, Skype, todas essas tecnologias vêm dessa região. Como eles fizeram? Eles não criaram nenhuma tecnologia de base. Mas eles as integraram."

O papel do governo seria definir uma visão estratégica, simplificar os processos e sair do caminho. Ele diz que impostos, burocracia e a dificuldade para demitir são alguns dos obstáculos do Brasil nesta área.

Ainda assim, ele considera "perigoso" a moda recente em muitos países de querer criar uma "cultura de startups" porque fatalmente muitos irão fracassar.

Ele diz que muitos empreendedores tem boas ideias mas não sabem fazer funções básicas de uma empresa como criar uma equipe e manejar o financeiro "e estamos investindo neste pessoal, quando deveríamos investir nos mais experientes." A falta de dinheiro também não seria uma barreira intransponível:

"As pessoas inovadoras encontram soluções sem o dinheiro. Os não inovadores pensam que dinheiro resolve tudo. Ou seja, a escassez nos faz pensar diferente e faz buscar soluções diferentes. Dinheiro na realidade é um problema. Com o dinheiro você acaba acomodado e o desperdiça para encontrar soluções. Sem dinheiro, você então buscará parceiros e alternativas e é assim que a inovação surge."

Veja a íntegra da entrevista feita para a plataforma multimídia Um Brasil, uma iniciativa da Fercomercio, e antecipada com exclusividade para EXAME.com:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=6PGYPDpTxJU%5D

Acompanhe tudo sobre:EntrevistasFecomércioInovação

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo