A redução do preço das commodities e a retração do consumo doméstico são fatores que devem limitar as transações brasileiras com outros países (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2015 às 12h00.
São Paulo - O déficit em conta corrente no mês de maio, de US$ 3,366 bilhões, é mais brando do que o esperado pela consultoria Tendências, de US$ 4,5 bilhões, e a diferença veio disseminada em quase todas as despesas de serviços e renda, disse o economista Bruno Lavieri, ao comentar a nota de setor externo divulgada nesta segunda-feira, 22, pelo Banco Central (BC).
"A diferença veio desde a conta de viagens, em que esperávamos um déficit de US$ 1,2 bilhão e o resultado foi negativo em US$ 1 bilhão, até as despesas com juros (US$ 796 milhões), menores, inclusive em relação a maio do ano passado", detalhou.
O especialista ressalta que o processo de arrefecimento do déficit nas contas externas se intensificou no quinto mês do ano.
"Por enquanto, é um ponto fora da curva", ponderou. "É difícil cravar que vai seguir esta trajetória. À primeira vista, se imagina que o processo de abrandamento do déficit vai prosseguir ao longo do ano, mas não deve ser tão intenso como no mês passado", afirmou.
Lavieri não descartou ser necessário fazer revisões nesse sentido dependendo dos resultados dos próximos meses. Por ora, a Tendências espera um déficit em conta corrente de US$ 96,9 bilhões em 2015.
Questionado sobre os cortes de US$ 10 bilhões nas estimativas do BC para as exportações (de US$ 210 bilhões para US$ 200 bilhões) e importações (de US$ 207 bilhões para US$ 197 bilhões) neste ano, Lavieri considerou as revisões para baixo "pertinentes". "As reduções estão em linha com a desaceleração mais forte de exportações e importações em meio a um cenário mais duro para o Brasil", afirmou.
O economista da Tendências pontuou a redução do preço das commodities, o câmbio desfavorável e a retração do consumo doméstico como fatores que devem limitar as transações brasileiras com outros países.