Economia

Armínio diz que indústria vive momento dramático no país

O ex-presidente do Banco Central e assessor de Aécio Neves destacou que governo tentou fortalecer a demanda com alguns instrumentos que mostraram-se excessivos


	Fraga: "O governo vem promovendo desonerações tributárias à la carte e pouco embasadas"
 (Oscar Cabral/Veja)

Fraga: "O governo vem promovendo desonerações tributárias à la carte e pouco embasadas" (Oscar Cabral/Veja)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 15h40.

São Paulo - O ex-presidente do Banco Central e principal assessor econômico do candidato Aécio Neves à Presidência, Armínio Fraga, afirmou nesta terça-feira, 23, que os investimentos no Brasil estão muito baixos e há 8 anos foi adotado um modelo de gestão de política econômica com pouco foco em produtividade.

"Nossa indústria vive momento muito difícil, eu diria dramático", comentou. "A política fiscal deveria ser mais transparente e menos voltada para o curto prazo."

Armínio também destacou que o governo tentou fortalecer a demanda com alguns instrumentos que mostraram-se excessivos, como os gastos públicos em geral e concessões de financiamentos pelos bancos oficiais.

"A presença exagerada do setor público no sistema de crédito normalmente não dá certo", comentou, ressaltando que essa prática gera ineficiências no uso das verbas do Tesouro.

Ele fez os comentários em palestra promovida pela Eurocâmaras e Câmara de Comércio França-Brasil.

Taxas de juros

Armínio disse também que os desequilíbrios macroeconômicos no Brasil, que geram uma situação "esquizofrênica", com política fiscal expansiva e monetária contracionista, provocam os juros altos no país.

A Selic está em 11% ao ano. "As taxas de juros estão elevadíssimas. Em termos reais, a de longo prazo está em 6%", destacou.

Neste quadro de falta de harmonia da política econômica, os investimentos são afetados, pois o quadro gera incerteza para os empresários e consumidores e acaba pressionando os preços com excesso.

"Se não há oferta, começa a vazar (pressões) para a inflação e para o déficit de contas correntes, que é de 3,5% do PIB e é bem elevado", disse.

Ele destacou que um dos elementos que permitiriam maior estímulo à produção de empresas no país seria maior integração comercial com os principais parceiros, como EUA, Europa e Ásia.

"Temos que fazer com o Mercosul ou mexer nas suas regras", ponderou.

Armínio ressaltou que outro fator que atrapalha a boa gestão das contas públicas é a política federal de desonerações tributárias.

"O governo vem promovendo desonerações tributárias à la carte e pouco embasadas", disse.

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