O presidente da Argentina, Mauricio Macri: "diremos ao mediador que aqui há uma mudança, outra visão acerca de nossas dívidas" (Cezaro De Luca/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 14h56.
O novo governo argentino retoma nesta quarta-feira, em Nova York, as negociações com os "fundos abutres" para buscar um acordo para encerrar o litígio por sua dívida em default não paga, uma guinada de 180º após a batalha travada nos últimos anos pelo governo anterior.
A reunião, marcada para as 14h00 locais (17h00 de Brasília), será realizada no escritório em Manhattan do mediador judicial Dan Pollack e participarão de um lado o secretário de Finanças argentino, Luis Caputo, e de outro os fundos especulativos NML Capital e Aurelius.
Estes credores obtiveram em 2012 uma sentença do juiz federal de Nova York Thomas Griesa para receber capital e juros por bônus de dívida em default desde 2001 de um montante que chega atualmente a 1,7 bilhão de dólares.
"Diremos ao mediador que aqui há uma mudança, outra visão acerca de nossas dívidas e de deixar de ser um país descumpridor e de resolver os problemas pendentes", afirmou na terça-feira o presidente argentino, Mauricio Macri, ao se referir à posição de seu governo liberal, que assumiu em 10 de dezembro após doze anos de kirchnerismo.
Macri disse estar confiante de que a Argentina alcançará um acordo razoável. "Espero que fiquem para trás rapidamente estas parcelas de dívidas que não soubemos resolver", enfatizou.
O governo anterior de Cristina Kirchner (2007-2015) tinha rechaçado a sentença de Griesa, que em 2014 congelou um pagamento de US$ 539 milhões em Nova York a 93% de detentores de bônus que aderiram à troca de 2005 e 2010 da dívida não paga, provocando um default parcial da Argentina.
Retorno aos mercados
Antes de assumir como presidente, Macri enviou a Nova York uma delegação para informar Pollack sobre seu desejo de retomar o quanto antes as negociações, interrompidas desde julho de 2014.
Em um segundo encontro, no dia 21 de dezembro, Caputo acordou com o mediador judicial que a Argentina começaria as discussões com seus credores em janeiro, o que terá início nesta quarta-feira.
O novo governo acredita que um acordo com os fundos especulativos permitirá ao país retornar ao mercado de financiamento internacional e conquistar investimentos de capitais estrangeiros.
A Argentina reestruturou sua monumental dívida em default de 2001, quando o país caiu na maior crise financeira de sua história, em duas trocas em 2005 e 2010, às quais 93% dos credores aderiram, aceitando um reembolso parcial com grandes descontos.
No entanto, os 7% restantes rejeitaram estas ofertas, exigindo o reembolso de todas as dívidas mais os juros.
O governo argentino anterior classificava os fundos especulativos de abutres por terem comprado bônus em default a preço de leilão para buscar recuperar seu valor nominal por via judicial.
Em outubro, Griesa aceitou um pedido de 49 demandas de outros detentores de títulos em default no valor de 6,15 bilhões de dólares para se somar à decisão a favor dos fundos especulativos.
Segundo Pollack, a dívida total da Argentina nos tribunais americanos chega atualmente a 10 bilhões de dólares.