Economia

Argentina quer pagar mas não aceita extorsão, diz Kirchner

A Argentina sempre teve "vocação de pagar" seus credores e não entrará em "default", disse a presidente


	Cristina Kirchner: ela criticou a decisão do Supremo americano
 (Diego Giudice/Bloomberg)

Cristina Kirchner: ela criticou a decisão do Supremo americano (Diego Giudice/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2014 às 07h24.

Buenos Aires - A Argentina sempre teve "vocação de pagar" seus credores e não entrará em "default", mas também não aceitará "extorsões", disse nesta segunda-feira a presidente Cristina Kirchner em sua primeira reação após a Suprema Corte dos Estados Unidos confirmar um pagamento bilionário a fundos especulativos.

"A Argentina tem demonstrado mais que uma evidente vontade de pagar, mas há uma diferença entre negociação e extorsão", disse Kirchner em rede nacional ao criticar a decisão do Supremo americano, que derrubou a Bolsa de Buenos Aires em 10,09%.

Kirchner destacou que a medida também afeta o "sistema econômico e financeiro global" e ignora os apelos dos governos de Brasil, França e México, entre outros, assim como o de "mais de 100 parlamentares britânicos", que apoiam a posição argentina.

"A Argentina não vai deixar de pagar sua dívida reestruturada (...), nossa vocação é pagar, o que já demonstramos pagando todos os juros sem recorrer ao mercado de capitais".

A Suprema Corte dos Estados Unidos anunciou nesta segunda que rejeita a apelação apresentada pela Argentina no caso contra fundos especulativos.

Na prática, a decisão da corte confirma a condenação adotada por um tribunal de Nova York em favor dos fundos especulativos NML Capital e Aurelius, que se negaram a se unir às reestruturações da dívida soberana argentina de 2005 e 2010.

A decisão obriga o país a pagar o total de 1,33 bilhão de dólares ao NML Capital e ao Aurelius.

Segundo Kirchner, a decisão do Supremo americano "contraria os interesses de 92% dos credores da dívida", que aceitaram a reestruturação dos pagamentos em 2005 e 2010.

Kirchner lembrou que se "todos (os credores) recorressem isto significaria pagar 15 bilhões de dólares, mais que o total das reservas do Banco Central, o que é um absurdo...".

Para alguns analistas, a mensagem de Kirchner deixa aberta a porta para uma eventual negociação sobre o pagamento decretado pelo Supremo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCaloteCristina KirchnerPolíticos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto