Economia

Argentina não chega a acordo sobre dívida em prazo limite

País não conseguiu chegar a um acordo para evitar o segundo calote da dívida em 12 anos

Manifestação em Buenos Aires contra a justiça americana em disputa contra a Argentina (Enrique Marcarian/Reuters)

Manifestação em Buenos Aires contra a justiça americana em disputa contra a Argentina (Enrique Marcarian/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2014 às 22h36.

Nova York/Buenos Aires - A Argentina não conseguiu chegar a um acordo nesta quarta-feira para evitar o segundo calote da dívida em mais de 12 anos, após dois dias de negociações com os credores que exigem pagamento integral da dívida, os chamados "holdouts".

O ministro da Economia, Axel Kicillof, falando em entrevista coletiva à imprensa no consulado da Argentina, em Nova York, se referiu repetidamente aos "holdouts" como "abutres".

Um plano de última hora para que bancos privados argentinos comprassem a dívida em default detida pelos fundos de hedge também fracassou nesta quarta-feira, disse um executivo do setor bancário e uma segunda fonte do mercado financeiro.

"Desabou tudo", disse.

Kicillof havia feito referência a um potencial acordo do setor privado, antes das notícias de que essas negociações também tinham fracassado.

"Infelizmente, nenhum acordo foi alcançado e a República Argentina estará iminentemente em default", disse o mediador do caso apontado por uma corte norte-americana, Daniel Pollack, em um comunicado na noite desta quarta-feira.

O default resulta do fracasso da Argentina de cumprir uma ordem judicial para pagar os "holdouts" ao mesmo tempo em que pagar os 539 milhões de dólares àqueles credores que aceitaram receber uma remuneração menor quando a dívida foi duas vezes reestruturada.

Depois do default de 2002, a Argentina reestruturou sua dívida em 2005 e 2010. Mais de 90 por cento dos detentores de bônus concordaram em aceitar novos títulos com pagamentos reduzidos.

Os "holdouts" recusaram os termos e o juiz distrital dos EUA Thomas Griesa atribuiu o pagamento integral de 1,33 bilhão de dólares a eles.

Depois de se reunir por horas com Pollack nesta quarta-feira, o ministro argentino disse que os credores que rejeitaram a troca dos bônus, e que agora demandam o pagamento total da dívida, não aceitaram o pedido argentino de uma medida cautelar para permitir que o país honre os compromissos de sua dívida reestruturada e evite um novo calote.

A Argentina depositou 539 milhões de dólares no fim de junho para pagar um vencimento da dívida reestruturada, mas os recursos caíram em um limbo legal por uma ordem de Griesa, que proibiu o país de pagar esses credores se não pagasse também os "holdouts".

O período de carência para o pagamento expira à meia-noite desta quarta-feira em Nova York (23h em Brasília). Kicillof disse que tendo em vista que a Argentina fez o depósito, tecnicamente não se encontra em default, e que o país seguirá pagando os próximos vencimentos da dívida.

Kicillof disse que voltará à Argentina ainda nesta quarta-feira e acrescentou que o país vai tomar todas as medidas necessárias para enfrentar o que ele chamou de uma situação injusta.

Atualizado às 22h35min do mesmo dia para adicionar mais informações.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCaloteDívidas de paísesEndividamento de países

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto