Líderes se encontram antes de reunião do Mercosul: Dilma Rousseff, Cristina Kirchner, Hugo Chávez e José Mujica (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2012 às 13h30.
Buenos Aires - O Banco Central da Argentina habilitou o acesso à compra de dólares às empresas do país que estabeleçam negócios com a estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA), em meio às restrições impostas pelo governo de Cristina Kirchner no setor cambial.
Através de uma circular, a entidade financeira autorizou o acesso à aquisição de divisas no valor oficial às companhias que, por exemplo, busquem importar bens de um terceiro país para depois vender à PDVSA, detalhou o jornal argentino "Clarín".
Para obter esta habilitação, as empresas argentinas deverão apresentar uma certidão emitida pela venezuelana PDVSA, de acordo com a circular.
A resolução foi divulgada depois que na terça-feira passada os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, assinassem uma "aliança estratégica" entre as petrolíferas YPF e PDVSA, ambas controladas pelo Estado.
O acordo entre a argentina YPF e a venezuelana PDVSA foi assinado em Brasília, onde os líderes participaram de uma cúpula para oficializar a entrada do país caribenho ao Mercosul.
O controle da YPF passou para as mãos do Estado argentino neste ano como resultado da desapropriação de 51% das ações do grupo espanhol Repsol.
Nesta sexta-feira, o ministro de Planejamento argentino, Julio de Vido, e seu colega venezuelano de Petróleo, Rafael Ramírez, assinaram em Buenos Aires um documento que ratifica a aliança e permite a presença da YPF nos jazidas da Faixa do Orinoco e habilita a PDVSA a manter posições no setor energético da Argentina.
As duas companhias participarão também na empresa mista que será constituída na área de Ayacucho 6, na Faixa do Orinoco, e buscarão 'financiamento conjunto' para a execução dos projetos, segundo o documento assinado pelos líderes.
A nova circular do Banco Central da República Argentina (BCRA) faz parte também dos controles do governo de Cristina para a compra de dólares a fim de evitar a fuga de divisas.
O Executivo argentino impôs as primeiras restrições cambiais destinadas a 'desdolarizar' a economia em novembro de 2011, mas as endureceu no mês passado, quando proibiu a compra de divisa estrangeira para entesouramento e para a aquisição de imóveis e aumentaram os controles a quem solicitava dólares para viajar.
As restrições impulsionaram o mercado negro de compra de divisas com um consequente aumento do preço do chamado dólar paralelo, que atualmente supera os 6 pesos, enquanto o oficial fica em 4,60 pesos.