Economia

Argentina flexibiliza controle cambial e mercado reage

País flexibilizou o controle do câmbio para permitir que poupadores comprem uma quantidade limitada de dólares


	Câmbio argentino: peso oficial era cotado nesta segunda-feira praticamente estável a 8 por dólar
 (Diego Giudice/Bloomberg News)

Câmbio argentino: peso oficial era cotado nesta segunda-feira praticamente estável a 8 por dólar (Diego Giudice/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 15h23.

Buenos Aires - A Argentina flexibilizou o controle do câmbio nesta segunda-feira para permitir que poupadores comprem uma quantidade limitada de dólares, enquanto investidores se desfaziam de bônus e ações por dúvidas sobre o futuro da economia do país.

Apesar das expectativas, os argentinos terão acesso à divisa a conta-gotas. Poderão comprar até 2 mil dólares por mês após passaram pelo filtro do órgão arrecadador, que analisará o nível de ingressos declarados e o cumprimento com o pagamento de tributos antes de autorizar a operação.

Além disso, o governo informou que publicará diariamente o nome das pessoas que comprarem dólares, medida que foi interpretada por analistas como uma forma de constrangimento público.

O peso oficial era cotado nesta segunda-feira praticamente estável a 8 por dólar, mas no mercado paralelo a moeda perdia cerca de 5 por cento por compra de poupadores desiludidos com a limitada flexibilização do controle cambial.

Os bônus argentinos denominados em dólares perdiam cerca de 2 por cento no mercado de balcão doméstico e o índice da bolsa de Buenos Aires, o Merval, recuava cerca de 4 por cento.

"O azul (como se denomina o peso paralelo) voltou a cair porque essas medidas não são a solução para nada", disse um operador de câmbio que pediu para não ser identificado.

A agência de classificação de risco Moody's calculou que o peso oficial pode chegar a 12 unidades por dólar, o que implicaria numa depreciação de 45,66 por cento em 2014.


Isso elevaria a pressão sobre a inflação numa economia onde os preços estão atrelados ao dólar e num momento em que se aproxima as difíceis negociações salariais anuais.

Detalhes

O chefe de Gabinete, Jorge Capitanich, disse a jornalistas que o governo voltou atrás do anúncio de reduzir de 35 por cento a 20 por cento o imposto que os argentinos devem pagar sobre os gastos que realizarem com cartão de crédito no exterior.

Sobre as compras de dólares incidirá um imposto de 20 por cento, a não ser que as divisas permaneçam depositadas em uma conta bancária por ao menos 365 dias, quando estarão liberadas do tributo.

A medida busca reconstituir as reservas do banco central, já que as contas em divisas estrangeiras têm um depósito compulsório de 100 por cento no BC.

A administração da presidenta Cristina Kirchner anunciou na sexta-feira a flexibilização do controle cambial em vigor desde o fim de 2011 para aliviar a pressão sobre o mercado, uma vez que o peso sofreu forte desvalorização na semana passada.

O peso encerrou a sexta-feira com uma leve baixa de 0,06 por cento, a 8,005 pesos por dólar, acumulando perda superior a 20 por cento este ano. Na quinta-feira ele havia caído 11 por cento, a maior perda em quase 12 anos.

A Argentina atravessa uma crise cambial devido à escassez de dólares pela fraqueza das exportações, uma inflação galopante, falta de investimento estrangeiro e impossibilidade de financiar-se no mercado internacional de capitais após o default de 2002.

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