Cristina Kirchner: presidente quer que o estatal Banco Nación substitua o Bank of New York Mellon (Marcos Brindicci/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2014 às 11h40.
Buenos Aires - O governo argentino disse nesta sexta-feira que "muitos" credores se mostraram dispostos a participar de uma troca de dívida externa por doméstica, que busca contornar uma ordem judicial nos Estados Unidos que levou o país sul-americano ao seu segundo default em pouco mais de uma década.
O juiz norte-americano Thomas Griesa bloqueou no fim de julho a conclusão do processo de pagamento no exterior dos juros de um bônus Discount da Argentina, uma vez que o governo da presidente Cristina Kirchner se negou a acatar uma decisão que o obriga a pagar centenas de milhões de dólares a detentores de dívida em default desde 2002.
Para contornar a sentença, Cristina enviou ao Congresso argentino um projeto de lei para que o estatal Banco Nación substitua o Bank of New York Mellon (BNY Mellon) como agente de pagamentos dos bônus argentinos reestruturados sob jurisdição de outros países, que incluem os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e o Japão.
Isso implicaria pagar em Buenos Aires os juros do bônus por um valor de cerca de 29 bilhões de dólares, que até agora o país vinha pagando em Nova York. A iniciativa também abre a possibilidade de honrar os títulos na França.
O projeto, que será discutido na próxima semana na Câmara dos Deputados argentina após ter sido aprovado na quinta-feira pelo Senado, oferece aos credores que troquem seus títulos regidos por leis estrangeiras por outros similares sob a lei argentina.
"Respeito a dúvida e a opinião de muitos credores, que também têm manifestado publicamente vontade de participar do sistema de pagamento proposto pela República Argentina na lei de pagamento soberando", disse o chefe de gabinete, Jorge Capitanich.
Capitanich não deu detalhes sobre os credores que estariam dispostos a participar da troca ou a cobrar os juros dos títulos argentinos em Buenos Aires ou na França. A implementação do plano argentino vai enfrentar diversos obstáculos jurídicos, pois qualquer terceiro que colabora com o país na troca se arrisca a cair em desacato com a corte nos Estados Unidos.