"Argentina ou fundos abutres" diz a faixa exposta em frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 21h51.
Buenos Aires - O governo argentino ratificou que não está disposto a pagar aos fundos especulativos dos Estados Unidos "o que eles pedem" pela dívida em moratória - afirmou nesta terça-feira o ministro da Economia argentino, Axel Kicillof.
"Isso não vai ocorrer nem com esta presidente (Cristina Kirchner), nem com este ministro da Economia", argumentou Kicillof, ao lembrar que o pedido dos fundos especulativos era de 1,3 bilhão de dólares, cifra determinada pelo juiz de Nova York Thomas Griesa.
O ministro insistiu que o governo "quer pagar 100% dos credores, mas em condições justas, legais, equitativas e sustentáveis".
A Argentina mantém um litígio com os fundos especulativos Aurelius e NML, que obtiveram a sentença favorável nos Estados Unidos à cobrança de 1,3 bilhão de dólares pela dívida em moratória.
Estes fundos compraram títulos da dívida argentina quando estavam muito baratos, em plena moratória, e não aceitaram as trocas feitas em 2005 e 2010 - às quais aderiram mais de 97% dos credores.
"Se ficassem com as mesmas condições da troca de 2005, o que é uma oferta generosa, agora teriam 400 milhões de dólares, quando investiram 50 milhões de dólares", afirmou Kicillof sobre os números oficiais.
O ministro frisou que, durante as negociações feitas em Nova York em meados de 2014, os fundos que a Argentina chama de "abutres" ofereceram 15% de desconto, o que significa "passar dos 1,6 a 1,4 bilhões de dólares em dinheiro".
Kicillof acusou os fundos de "assediar" o governo e "colocar uma enorme quantidade de dinheiro na ATFA", o Grupo de Tarefas da Argentina, entidade que representa os interesses dos grupos em litígio com Buenos Aires.
O advogado Robert Shapiro, diretor ATFA, manifestou sua esperança de que a Argentina retome as negociações.
A ATFA apresentou nesta terça-feira um informe sobre o enriquecimento de funcionários de segundo escalão do governo da presidente argentina Cristina Kirchner, apoiado em informações públicas prestadas pelos próprios líderes.
Um dos nomes citados é o da ministra do Interior e Transporte, Florencia Randazzo, que negou qualquer enriquecimento desde que começou a ocupar o cargo.
Randazzo, que ganhou popularidade pelo plano de remodelação do antigo sistema ferroviário argentino, garantiu que não tem contas no exterior nem responde a qualquer processo por enriquecimento ilícito.