Economia

Argentina busca linha de crédito de US$ 2,7 bilhões para cobrir vencimentos de dívidas

Banco Santander e JP Morgan lideram as negociações de repo, enquanto o governo argentino apresenta uma visão sobre novo programa com o FMI

Luis Caputo, ministro da Economia, em evento do FMI, onde o governo busca alternativas para financiar vencimentos da dívida.

Luis Caputo, ministro da Economia, em evento do FMI, onde o governo busca alternativas para financiar vencimentos da dívida.

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 07h58.

Última atualização em 24 de outubro de 2024 às 08h35.

A Argentina está em negociações com diversos bancos para obter um acordo de empréstimo de cerca de US$ 2,7 bilhões (R$ 15,36 bilhões) por um período de três anos, com o objetivo de cumprir suas obrigações de dívida em janeiro de 2025.

De acordo com a Bloomberg, Banco Santander e JPMorgan estão entre os mais envolvidos nas discussões sobre a chamada linha de repo – conhecidas também como acordos de recompra, que está sendo conduzida pelo Banco Central da Argentina. Não está claro o montante que cada banco deve fornecer, nem quais garantias o governo está oferecendo no acordo.

O Ministro da Economia, Luis Caputo, participou de um evento organizado pela divisão de banco de investimentos do Santander durante as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington.

Novo programa com o FMI

A equipe econômica do presidente Javier Milei, que também está presente nas reuniões em Washington, começou a delinear a visão do governo argentino para um novo programa com o FMI. No entanto, as negociações formais com o Fundo ainda não começaram. O atual programa de US$ 44 bilhões, negociado pelo governo anterior, é o maior do FMI e o 22º com a Argentina, um país conhecido por sua recorrente instabilidade econômica.

O governo argentino espera que o FMI injete reservas que permitirão a Milei desmantelar os controles de capital e câmbio deixados pela administração anterior, além de reentrar nos mercados de capitais e impulsionar o crescimento econômico.

Apesar disso, ainda há um grande descompasso entre as visões do Fundo e da equipe econômica de Milei. O FMI tem insistido em taxas de juros positivas, uma política cambial mais flexível e a reconstrução das reservas internacionais, que são vistas como o ponto mais fraco do programa de Milei. As tensões entre as partes chegaram ao auge em setembro, quando o FMI retirou seu principal negociador, Rodrigo Valdes, após críticas severas de Milei, que classificou o apoio de Valdes ao governo anterior como "verdadeiramente irresponsável".

Capital e câmbio

Durante o evento com investidores, Caputo afirmou que a Argentina está avaliando todas as opções para remover os controles de capital, mesmo sem um novo programa com o FMI. O ministro também prevê que a inflação deve convergir para a taxa de depreciação mensal de 2% do peso argentino, conhecida como "crawling peg".

Milei, por sua vez, já havia mencionado que, após a remoção dos controles de capital, optará por uma taxa de câmbio "flexível", embora ainda não tenha fornecido mais detalhes sobre como isso será implementado.

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