Economia

Argentina anuncia medidas para aliviar pressão cambial

Entre as medidas estão uma licitação de bônus por US$750 milhões em novembro e redução para 3 dias do período mínimo entre a compra e a venda de um título

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Geogieva, respaldou as medidas (Juan Mabromata - Pool/Getty Images)

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Geogieva, respaldou as medidas (Juan Mabromata - Pool/Getty Images)

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AFP

Publicado em 20 de outubro de 2020 às 06h45.

O governo argentino anunciou na segunda-feira medidas para aliviar a pressão sobre sua moeda e afastar as expectativas de desvalorização, no momento em que a cotação do peso frente ao dólar no mercado ilegal registrou um novo recorde, uma decisão apoiada pelo FMI.

A moeda argentina foi negociada na segunda-feira a 83,21 pesos por dólar, mas chegou a ser vendida pela cotação recorde de 181 pesos no mercado ilegal.

Entre as medidas anunciadas estão uma licitação de bônus por 750 milhões de dólares em novembro e redução para 3 dias do "parking", que é o tempo mínimo de permanência com valores mobiliários - ou seja, o período mínimo entre a compra e a venda de um título.

De acordo com o jornal La Nación, os prazos anteriores para o "parking" eram de 5 dias para residentes no país e de 15 dias para não residentes. A partir de agora, o tempo mínimo será de 3 dias para todos.

"Em suma, esse conjunto de ações possibilitará dotar o mercado financeiro de maior previsibilidade e volume, interagindo de forma virtuosa com a geração de uma trajetória econômica consistente e sustentável", diz o documento divulgado pelo Ministério da Economia, que é comandado por Martín Guzmán. O órgão também adiantou que o Banco Central da República da Argentina (BCRA) irá alterar regras para "promover o funcionamento de emissões locais nos mercados regulamentados argentinos".

O Ministério destacou que tem observado uma "deterioração das expectativas" nas últimas semanas no país, mas que tem "trabalhado firmemente" no refinanciamento da dívida com órgãos multilaterais de crédito. "No processo mencionado, o diálogo com o FMI Fundo Monetário Internacional encontra-se em fase de interação construtiva", diz outro trecho do documento.

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Geogieva, respaldou as medidas.

"Continuaremos apoiando as autoridades enquanto trabalham para aliviar as pressões cambiais, ancorar a estabilidade econômica e estabelecer as bases para a recuperação", escreveu no Twitter.

A mensagem foi publicada depois de uma conversa telefônica entre a diretora do FMI e o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán.

"Conversa muito valiosa hoje com a diretora geral do Fundo Monetário Internacional @KGeorgieva. Obrigado! No âmbito de um diálogo produtivo, o FMI compartilha nossa visão de que a Argentina precisa transitar o caminho para a estabilidade e o crescimento econômico", respondeu o ministro na mesma rede social.

A Argentina mantém desde o fim de 2019 um sistema de restrição para a compra de divisas imposta no final do governo do liberal Mauricio Macri para frear a fuga de divisas, sistema fortalecido por seu sucessor, o peronista Alberto Fernández.

Desde 2019 existe uma cota para a compra de moeda estrangeira para a captação de 200 dólares por mês com uma cotação sobre a qual incide uma taxa de 30% e desde 15 de setembro foi acrescentada outra retenção de 35% para desestimular a poupança em moeda estrangeira e conter a saída de divisas.

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