Economia

Argentina aciona EUA na Corte de Haia por caso dos fundos

A Argentina tenta suspender as negociações com os fundos litigantes até janeiro de 2015


	Corte Federal de NY: é primeira vez no litígio que Argentina se pronuncia contra os EUA
 (AFP)

Corte Federal de NY: é primeira vez no litígio que Argentina se pronuncia contra os EUA (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2014 às 19h55.

O governo da Argentina apresentou nesta quinta-feira à Corte Internacional de Haia uma ação contra os Estados Unidos, acusados de permitir violações à soberania e às imunidades no caso dos fundos especulativos, segundo a Presidência argentina e a CIJ.

"A República Argentina apresentou hoje, 7 de agosto de 2014, um documento contra os Estados Unidos", anunciou em comunicado a CIJ.

"A disputa implica decisões judiciais dos Estados Unidos relacionadas com a reestruturação da dívida soberana", informou a corte em Haia.

Contudo, "não será tomada uma iniciativa no procedimento, somente se os Estados Unidos aprovarem a jurisdição da Corte no caso", disse a CIJ.

Os Estados Unidos não reconhecem a jurisdição da CIJ desde 1986 e devem aceitar que o tribunal internacional se encarregue do caso.

No comunicado do governo argentino, Buenos Aires afirma que os Estados Unidos permitiram a violação de imunidades que protegem a Argentina ao admitir decisões judiciais nos tribunais norte-americanos "que vulneraram a determinação soberana da República Argentina de reestruturar sua dívida externa".

"Considerando que um Estado é responsável pela conduta de todos os seus órgãos, as violações mencionadas geraram uma controvérsia entre a República Argentina e os Estados Unidos, que nosso país submete à CIJ para sua resolução", afirmou a nota oficial do governo.

É a primeira vez durante este litígio que já dura anos que a Argentina se pronuncia contra os Estados Unidos, que professa como sagrada a independência de seu sistema judicial.

Em Nova York, o juiz federal Thomas Griesa convocou uma nova audiência para sexta-feira na disputa envolvendo a Argentina e os fundos especulativos. A audiência será às 15h00 do horário local (16h00 de Brasília) em um tribunal do sul de Mahanattan

Griesa decidiu a favor dos fundos especulativos que a Argentina chama de 'abutres' para que cobrem 1,33 bilhão de dólares em títulos da dívida e exigiu que o pagamento seja feito simultaneamente ao vencimento da dívida reestruturada.

A decisão do juiz Griesa foi confirmada em junho quando a Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos decidiu não revisar o caso.

A Argentina se nega a acatar a decisão alegando que poderá sofrer ações milionárias na justiça e, por isso, os credores que aceitaram a renegociação não puderam receber o pagamento da dívida, cujo prazo de carência venceu no dia 30 de julho.

A situação levou as agências de classificação de risco a declarar "default seletivo" da dívida do país.

O governo argentino advertiu que acionaria os EUA na Corte de Haia como parte de sua estratégia judicial depois que o juiz Griesa se negou a restabelecer a medida cautelar (stay), que permitiria ao país continuar pagando suas obrigações enquanto negociava o pagamento aos fundos especulativos.

A Argentina tenta suspender as negociações com os fundos litigantes até janeiro de 2015, quando expira a cláusula Rufo, que impede que o país pague um valor maior do que o acordado com os credores que aceitaram a renegociação da dívida por 70% do valor nominal dos títulos em moratória em 2001, sob pena de ter que estender a maior remuneração a todos os credores.

Na quarta-feira, o ministro de Economia argentino, Axel Kicillof, pediu que o governo dos Estados Unidos interviesse na disputa judicial estabelecendo limites ao juiz Griesa. Kicillof se perguntou "por que o governo dos Estados Unidos não coloca limites ao juiz".

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCrise econômicaDívidas de paísesEstados Unidos (EUA)Países ricos

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1