Economia

Área de algodão deve crescer 8% em 2014/15 no Brasil

Área total com algodão no país em 14/15 deverá atingir 1,21 milhão de hectares, alta de 8% ante 13/14, segundo a Agroconsult


	Algodão: mercado foi abalado no 1º semestre com a notícia de que a China vai interromper programa de estocagem
 (Ricardo Campo/Getty Images)

Algodão: mercado foi abalado no 1º semestre com a notícia de que a China vai interromper programa de estocagem (Ricardo Campo/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2014 às 14h44.

São Paulo - A próxima safra de algodão do Brasil deverá crescer em área e em produção com o impulso da chamada "safrinha", que passará a ser, pela primeira vez, a mais importante em plantio para a pluma no país, informou nesta quarta-feira a consultoria Agroconsult.

O crescimento projetado do plantio 2014/15 da segunda safra ("safrinha"), de 35 por cento ante 2013/14, para 616 mil hectares, mais do que compensará um recuo de 10 por cento na área de algodão verão, para 598 mil hectares.

Dessa forma, a área total com algodão no país em 14/15 deverá atingir 1,21 milhão de hectares, alta de 8 por cento ante 13/14, segundo a Agroconsult. E a colheita foi projetada em 1,8 milhão de toneladas de pluma, contra 1,7 milhão na safra anterior.

"O produtor de algodão vai decidir entre plantar soja (no verão) e milho safrinha (no inverno) ou plantar soja e algodão safrinha", disse à Reuters o analista da Agroconsult Marcos Rubin. O algodão seguiria assim o caminho do milho, que nas últimas temporadas têm apresentado maior produção na segunda safra, com a soja dominando as terras no plantio de verão. "Diante de um cenário de preço ruim para o milho, a gente vê um crescimento expressivo da área de algodão safrinha", acrescentou Rubin, sem detalhar o efeito disso para o milho.

A área de milho segunda safra do Brasil, de qualquer forma, é bem maior do que a de algodão, superando 9 milhões de hectares, segundo levantamento do governo para 13/14.

Novas áreas de safrinha

Pelos levantamentos da Agroconsult, o plantio da safrinha de algodão --semeada imediatamente após a colheita da safra de verão de soja-- tornou-se uma realidade no Centro-Oestre brasileiro desde a safra 2008/09.

Em Mato Grosso, principal produtor de algodão do país, a safrinha já responde por 70 a 80 por cento da área semeada com a cultura, com forte concentração no oeste e médio-norte do Estado.

A Agroconsult projeta agora aumento da opção pelo algodão safrinha também no sudeste de Mato Grosso, em Goiás e Mato Grosso do Sul.

"O algodão safrinha tem mais riscos climáticos, mas os produtores estão dominando muito bem a tecnologia", disse Rubin.

Por questões agronômicas, principalmente regime de chuvas, a Bahia --segundo principal Estado produtor-- planta algodão apenas na safra de verão.

O mercado de algodão foi abalado no primeiro semestre com a notícia de que a China, principal consumidor de algodão do mundo, vai interromper seu programa estatal de estocagem --que retirava produto do mercado e puxava os preços--, passando para um programa de subsídio direto aos produtores.

O clima favorável no Texas, principal Estado produtor nos EUA, também ajudou a derrubar as cotações.

"No final de maio, começo de junho, convergiu uma série de notícias relacionadas... e isso tudo fez com que os preços derretessem", avaliou Rubin.

O contrato futuro do algodão negociado na bolsa de Nova York caiu para a mínima de cinco anos no final de julho.

Ainda assim, na projeção da Agroconsult, o plantio de algodão será mais rentável que o de milho para os produtores que tiverem condições de apostas na pluma, como maquinário disponível, em 2015. "Com certeza ele (algodão) está dando muito menos dinheiro do que deu nos últimos dois ou três anos... mas se você fizer uma comparação direta com o milho safrinha, o algodão hoje é muito vantajoso", afirmou o analista.

O milho no mercado físico brasileiro é negociado atualmente no menor patamar em quatro anos.

Acompanhe tudo sobre:AlgodãoÁsiaChinaeconomia-brasileira

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo