TRUMP: desconto para repatriação de recursos anunciado em dezembro levou a um anúncio histórico da Apple, nesta quarta-feira / Carlo Allegri | Reuters
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 18h58.
Última atualização em 17 de janeiro de 2018 às 19h59.
A fabricante de eletrônicos Apple, maior empresa do planeta, anunciou, nesta quarta-feira, que vai repatriar para os Estados Unidos boa parte dos 252 bilhões de dólares que tem em reservas internacionais e pagar em torno de 38 bilhões de dólares em impostos.
É o maior anúncio de repatriação da história, e um endosso ao novo pacote de impostos do governo de Donald Trump. Durante anos, analistas especularam sobre quando a Apple, líder em reservas internacionais, traria o dinheiro de volta ao país. Agora, a nova taxa de impostos anunciada em dezembro foi decisiva. Para a Apple, a mordida será de 15,5%, mas o percentual varia de negócio para negócio. Segundo a agência Bloomberg, antes da nova política fiscal de Trump a tarifa média de repatriação era de 35%.
Estimativa do jornal Wall Street Journal mostra que as 500 maiores companhias americanas têm um total de 2,8 trilhões de dólares em reservas fora do país acumulados nas últimas três décadas. Cerca de um terço desse total é de empresas de tecnologia – a segunda colocada do ranking é a Microsoft, com 142 bilhões de dólares em reservas internacionais. O governo americano estima que a repatriação desse dinheiro deve render até 339 bilhões de dólares em impostos.
Uma grande dúvida é o que as empresas farão com o dinheiro levado de volta aos Estados Unidos. Segundo estimativa da empresa de pesquisas Zion Research, as empresas devem recomprar 4% de suas ações listadas em bolsa. Outro percentual importante deve ser usado para pagar dividendos, o que tende a aumentar ainda a euforia nas bolsas do país – nesta quarta-feira, o índice Dow Jones voltou a atingir um novo patamar recorde, acima dos 26.100 pontos.
A Apple anunciou que vai criar 20.000 novos empregos no país e construir um novo campus nos próximos cinco anos. Segundo a empresa, serão 30 bilhões de dólares de investimento no país em cinco anos, que vão contribuir em 350 bilhões de dólares para a economia americana. Mas boa parte dos bilhões trazidos de volta deve ser usada mesmo para recompra de ações, levando a empresa para ainda mais perto do trilhão de dólares em valor de mercado – hoje, vale 900 bilhões de dólares.
A Apple foi um dos alvos preferidos de Trump durante a campanha, criticada pelo então candidato por fabricar seus iPhones no exterior. Depois de eleito, Trump teve um encontro com o presidente da Apple, Tim Cook, e anunciou que a companhia iria construir três fábricas no país. Agora, com o anúncio desta quarta-feira, a fabricante do iPhone vira um case de sucesso das ameaças de campanha e da política fiscal do presidente americano.