Economia

Aposentadoria de baby boomers reduz a renda média dos EUA

Crescimento da renda fornecerá menor impulso à economia nos próximos 20 anos


	Idosos: babies boomers começaram a completar 65 anos em 2011, e cada dia nos próximos 16 anos cerca de 10 mil deles chegarão a essa idade tradicionalmente associada à aposentadoria
 (Valery Hache/AFP)

Idosos: babies boomers começaram a completar 65 anos em 2011, e cada dia nos próximos 16 anos cerca de 10 mil deles chegarão a essa idade tradicionalmente associada à aposentadoria (Valery Hache/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2013 às 22h14.

Atlanta - O funcionário aposentado da Ford Motor Co. Tony Fransetta economiza toda despesa possível depois que sua renda caiu para cerca de um terço do seu salário anterior desde que deixou a companhia em 1990.

“Não há soluções mágicas”, conta Fransetta, de 77 anos, que mora em Wellington, Florida, perto de West Palm Beach. “Eu eliminei as férias e viagens. É preciso administrar muito bem a comida. Não dá para sair e comprar cortes caros de carne. Tenho que aproveitar as coisas à venda nas promoções”.

À medida que milhões de baby boomers se unam aos aposentados como Frasetta, o crescimento da renda fornecerá menor impulso à economia nos próximos 20 anos. A força de trabalho que permanecer incluirá uma crescente proporção de trabalhadores de menor poder aquisitivo. Juntas, as tendências atuarão como um freio no gasto de consumo, limitando o potencial de crescimento da economia no longo prazo.

“Se não mudarmos, vamos nos deter”, afirmou James Paulsen, o estrategista-chefe de investimentos da Wells Capital Management, sediado em Minneapolis, que supervisiona cerca de US$340 bilhões em ativos. “A capacidade da economia e seu potencial de crescimento são muito menores”.

Décadas de crescimento da renda acabaram na última recessão, e a perspectiva de um retorno às taxas de crescimento do passado é menos do que prometedora à medida que mais americanos chegam à idade de aposentadoria.

A renda média dos americanos chega a seu pico por volta dos 55 anos de idade. Aqueles de 70 anos ou mais idosos ganham cerca de um terço menos do que esse pico, e os de mais de 80 anos ganham cerca da metade, segundo estimativas dos economistas Richard Burkhauser, da Universidade Cornell, em Ithaca, Nova York, e Jeff Larrimore, membro do Comitê Conjunto de Tributação do Congresso americano.

Os babies boomers começaram a completar 65 anos em 2011, e cada dia nos próximos 16 anos cerca de 10 mil deles chegarão a essa idade tradicionalmente associada à aposentadoria, conforme o Pew Research Center em Washington. Estima-se que 19,8 por cento da população terá 65 anos ou mais em 2030, comparados com 12 por cento em 2000, segundo projeções da Secretaria Americana de Censos.


Mudança demográfica

A mudança demográfica reduzirá o crescimento da mediana de renda em 0,5 ponto porcentual por ano até 2030, escreveram Burkhausser e Larrimore em um artigo de agosto de 2013 publicado pela Fundação Russell Sage, em Nova York, que financia pesquisas em ciências humanas.

“O gasto de consumo não crescerá tão rapidamente quanto antes”, afirmou John Lonski, economista-chefe no Moody’s Capital Markets Research Group em Nova York.

Os americanos mais velhos com empregos provavelmente ganhem menos dinheiro, e aqueles aposentados serão “muito mais conservadores” nos seus hábitos de compra, acrescentou Lonski.

Políticas imigratórias

As políticas imigratórias focadas em impulsionar o crescimento da força de trabalho poderiam ajudar, disse Joseph LaVorgna, economista-chefe para os EUA da Deutsche Bank Securities Inc., em Nova York.

“A única forma de substituir as pessoas que abandonam a força de trabalho é fazer com que elas trabalhem desde outro lugar”, afirmou LaVorgna. Tal alternativa é similar ao caso do Japão, que sofre de “uma força de trabalho que envelhece e pouca imigração”.

Caso os responsáveis pela política econômica estejam procurando aumentar a renda, poderiam criar políticas imigratórias que visem atrair os trabalhadores mais qualificados, afirmou Gary Burtless, membro sênior da Instituição Brookings, em Washington, e ex-economista do Departamento Americano de Trabalho.

“Melhorar as experiências nos primeiros anos da infância e o ensino fundamental e médio, especialmente para as crianças de baixa renda”, propõe Burtless. “Muitos países fazem um trabalho melhor nisso do que os EUA. Se os responsáveis pela nossa política econômica e os nossos educadores fossem suficientemente humildes para aprenderem de outros países, então talvez pudéssemos aumentar a efetividade das nossas escolas e programas”.

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