Economia

Após restrições ao aço brasileiro, governo prepara 1ª reação comercial

De acordo com fontes do governo, o Brasil poderá procurar inclusive a China, maior produtora e exportadora mundial do produto.

Jair Bolsonaro: Segundo fontes, o Brasil também pretende recorrer a mecanismos multilaterais, como a OMC (Ueslei Marcelino/Reuters)

Jair Bolsonaro: Segundo fontes, o Brasil também pretende recorrer a mecanismos multilaterais, como a OMC (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 07h57.

Brasília - Com a imposição de restrições à compra do aço brasileiro pela União Europeia, o governo Bolsonaro prepara a reação à sua primeira batalha comercial. Uma das ideias é aproveitar o Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) na próxima semana para se aproximar de outros exportadores do insumo prejudicados pela medida e organizar uma ação em conjunto contra as barreiras europeias.

De acordo com fontes do governo, o Brasil poderá procurar inclusive a China, maior produtora e exportadora mundial do produto. Isso mesmo depois de críticas feitas por Bolsonaro na campanha e dos elogios aos Estados Unidos, país que desencadeou uma guerra comercial contra os chineses que começou, justamente, com sanções contra a venda de aço.

Segundo fontes, o Brasil também pretende recorrer a mecanismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Em um momento em que o Mercosul pretende dar prioridade à negociação de acordo comercial com a União Europeia, o governo brasileiro excluiu retaliações da lista de medidas a serem adotadas em reação às barreiras europeias.

Apesar de já estar organizando a reação, a avaliação do governo é que o volume das exportações brasileiras atingido é pequeno e, com foram impostas cotas para a venda, a indústria ainda está em parte atendida. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, há no governo quem veja as restrições ao aço como uma "moeda de troca" que pode acabar favorecendo as negociações do acordo entre os blocos sul-americano e europeu.

Vulnerabilidade. Para o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, a decisão da UE já era esperada diante da superoferta global da matéria-prima e da guerra comercial entre China e EUA. "Já prevíamos que isso aconteceria dada essa onda protecionista e claro que todo fechamento de mercado é ruim para a nossa indústria. Nosso grande de vulnerabilidade só aumenta."

De acordo com ele, a medida dificulta ainda mais uma possível recuperação da indústria siderúrgica brasileira, que atualmente opera com 70% de sua capacidade instalada, segundo dados do Instituto: "Se estamos com um mercado interno fraco, a saída é exportar, mas também temos dificuldade em fazer isso com essas barreiras. Nossa indústria perde competitividade e não sei o que vai acontecer."

(COLABORARAM ANA NEIRA e MÔNICA SCARAMUZZO)As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:acoChinaGoverno BolsonaroOMC – Organização Mundial do ComércioUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto