Economia

Após quebra, Brasil busca safra recorde de soja

As condições para a próxima safra, que começa a ser semeada no segundo semestre, sinalizam um cenário quase ideal para um recorde

O preço do produto no mercado futuro mantém alta de 14 por cento neste ano, apesar do declínio em maio (LEOMAR JOSE MEES)

O preço do produto no mercado futuro mantém alta de 14 por cento neste ano, apesar do declínio em maio (LEOMAR JOSE MEES)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2012 às 22h54.

São Paulo - Os produtores de soja do Brasil, cuja safra foi afetada por severa seca neste ano, estão se preparando para uma grande recuperação, comprando muitas sementes e fertilizantes com os recursos recebidos pelas vendas antecipadas do novo ciclo (2012/13).

As condições para a próxima safra, que começa a ser semeada no segundo semestre, sinalizam um cenário quase ideal para um recorde, com sinais de que a soja vai recuperar o terreno perdido recentemente para o milho e o algodão, além de avançar sobre terras que antes estavam dedicadas à pecuária.

Esse avanço da soja não é surpresa. O preço do produto no mercado futuro mantém alta de 14 por cento neste ano, apesar do declínio em maio.

Os preços são ainda mais favoráveis para os produtores brasileiros por causa da desvalorização de 17 por cento no real frente ao dólar desde fevereiro. Em real, a soja teve alta superior a 24 por cento, enquanto o milho perdeu 10 por cento do seu valor, e o algodão teve baixa de 18 por cento.

Mesmo alguns agrônomos experientes se surpreenderam com a confluência de fatores positivos. As primeiras vendas da safra de 2012/13 alcançaram volumes inéditos, o consumo de fertilizantes aumentou 7 por cento, e o começo de um fenômeno El Niño deve trazer boas chuvas para a América do Sul.


"As condições são extremamente positivas para a soja. O milho, o algodão e até o arroz cederão área para ela", disse o consultor de grãos Carlos Cogo, do Rio Grande do Sul.

Os primeiros números dos principais Estados produtores indicam uma possível expansão de 2 milhões de hectares, ou 8 por cento, na área plantada em todo o país.

O Brasil é o segundo maior produtor da oleaginosa, responsável por um quarto do abastecimento mundial.

Grande parte do aumento no cultivo da soja deve vir de produtores que, nos últimos anos haviam optado pelo milho e o algodão, mas também haverá uma expansão em novas áreas na fronteira agrícola do Centro-Oeste e Nordeste.

"O mercado agora está para os vendedores", disse Wilson Lucas, presidente da companhia de negócios rurais MFRural, cujo site oferece dezenas de grandes propriedades à venda, muitas delas no Centro-Oeste e Nordeste.

EL NIÑO

Depois da seca causada pelo fenômeno La Niña, que reduziu em cerca de 30 milhões de toneladas a produção de soja no Brasil, Argentina e Paraguai, o mundo se prepara agora para o fenômeno contrário, o El Niño, que tende a trazer umidade acima da média para as áreas de grãos nas Américas.

"Uma coisa é certa: a próxima temporada será mais úmida", disse Marco Antonio dos Santos, meteorologista da Somar. "O La Niña acabou e estamos vendo uma chance de 70 a 80 por cento de um El Niño moderado versus um cenário de clima neutro."

Ainda é cedo para estimar a próxima safra, mas a consultoria Informa Economics prevê para 2012/13 uma produção recorde no Brasil, na casa de 80,5 milhões de toneladas, em uma recuperação recorde sobre as 66 milhões de toneladas deste ciclo afetado pela seca.

O cenário positivo e a alta dos preços estimularam os produtores a capturar receitas mais cedo que o normal, de acordo com a Céleres.

As vendas antecipadas da próxima safra atingiram 27 por cento no final de maio, um número sem precedentes. As vendas da atual safra somaram 87 por cento, bem acima da média de 67 por cento na mesma época do ano passado.

Graças à crescente adoção do seguro agrícola, a quebra deste ano não deixou os produtores em má situação financeira. A taxa de inadimplência é a menor dos últimos sete anos, dando uma base segura para expansão.

"O produtor que está melhor hoje está assim porque contratou o seguro", disse Osmar Dias, vice-presidente para agronegócio do Banco do Brasil, principal financiador agrícola do país.

O registro de produtores com atrasos de mais de 90 dias no pagamento dos financiamentos está no menor nível desde 2005, de acordo com o banco.

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