Economia

Apetite para investir no Brasil deve recuar

Projeções da agência de classificação Austin Rating mostram que a taxa cairá de 19,7% para 17,3% do PIB


	Crise econômica: projeções da agência de classificação Austin Rating mostram que a taxa cairá de 19,7% para 17,3% do PIB
 (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

Crise econômica: projeções da agência de classificação Austin Rating mostram que a taxa cairá de 19,7% para 17,3% do PIB (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2015 às 09h20.

São Paulo - O resultado da escassez e encarecimento do crédito será a queda contínua dos investimentos do Brasil. A previsão é que o País termine 2015 com a pior taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) desde 2006.

Projeções da agência de classificação Austin Rating mostram que a taxa cairá de 19,7% para 17,3% do PIB.

Sem perspectivas de melhora no curto prazo, seja no campo econômico ou político, as empresas estão em compasso de espera, adiando investimentos e engavetando projetos.

"A economia cresce com base na confiança de investidores e consumidores. Uma notícia ruim como o rebaixamento traz um dano para a confiança. O empresário fica mais receoso e começa a repensar os investimentos", afirma Michael Viriato, coordenador do laboratório de Finanças do Insper.

"E o consumidor fica com medo de perder o emprego. Ele restringe ainda mais o consumo. Ficamos num círculo vicioso."

A grande crítica é que uma expansão nos investimentos, em especial no setor de infraestrutura, poderia ser o fôlego para a retomada do crescimento econômico.

"Mas o que estamos vendo é o contrário: uma perda de fôlego do governo para investir em infraestrutura", afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

"Com a perda do grau de investimento, o esforço para reformar a economia terá de ser ainda maior. Talvez essa decisão (da S&P) possa pressionar o Congresso para ficar mais disposto e aprovar medidas importantes e o governo cortar gastos necessários."

É o que o mercado espera para melhorar a situação fiscal do País e reverter o quadro de recessão.

Na coletiva, após a perda do grau de investimento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não apresentou medidas concretas para as contas públicas, mas indicou novo corte de gastos e aumento de impostos.

"O que o mercado gostaria de ver nesse momento são medidas que tragam sustentabilidade para a dívida", afirma Marcelo Kayath, diretor de renda fixa e variável do Credit Suisse na América Latina.

"O que vai fazer o mercado de capitais se movimentar ou não depende das medidas que a equipe econômica vai tomar."

O governo também se movimenta para evitar que as outras duas agências de rating, Fitch e Moody’s, não rebaixem o País. Mas, na avaliação de Kayath, "o mais provável" é que todas retirem o grau de investimento.

"O timing de cada agência é diferente, mas eu não vejo como manter o grau de investimento com os números que estão no mercado."

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCrise econômicaDados de BrasilInvestimentos de empresas

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto