Economia

Apesar de queda em abril, varejo terá recorde em 2010

Economista da CNC prevê aumento de 10,8% no volume de vendas do setor; se confirmado, será o melhor índice da série histórica do IBGE

Vendas no varejo caíram 3% em abril, mas CNC prevê ano recorde (foto/Site Exame)

Vendas no varejo caíram 3% em abril, mas CNC prevê ano recorde (foto/Site Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2010 às 14h41.

São Paulo - A queda de 3% no volume de vendas do varejo em abril, na comparação com março, não intimida o setor em 2010. Para os especialistas da Confederação Nacional do Comércio (CNC), este será o melhor ano em toda a série histórica monitorada pelo IBGE, com um crescimento esperado de 10,8%.

É verdade que a retração reportada pelo IBGE nesta quarta-feira (16/6) surpreendeu os economistas. "Esses números nos deixaram intrigados. A redução dos incentivos fiscais provocou uma desaceleração nas vendas, principalmente dos bens duráveis, mas não esperávamos uma queda tão alta", diz Fábio Bentes, da CNC. Apesar do inesperado, ele afirma que os 3% a menos foram uma acomodação normal.

A causa mais provável, de acordo com o economista, é o fato de que o primeiro trimestre do ano foi muito intenso para o comércio no varejo. Em janeiro, o crescimento foi de 3,1%. Fevereiro e março registraram aumentos de 1,8% e 1,6%, respectivamente. As condições mais fáceis de crédito e os dados positivos relacionados a emprego e renda impulsionaram este aumento. "Se continuasse neste ritmo, projetando estas taxas para o ano, teríamos um crescimento em 2010 de quase 20%. Isto seria insustentável. Já esperávamos uma acomodação."

Explicações

Apesar das respostas baseadas na conjuntura econômica, Bentes diz que uma análise puramente estatística dos dados do IBGE traz algumas inquietações. "Se você analisar as atividades que compõem a pesquisa sobre o varejo, o único item que caiu abaixo de 3% foi o de equipamentos de escritório, informática e comunicação."

Para o economista da CNC, o comportamento do varejo nestas categorias não seria suficiente para justificar os cálculos. "Ao compor o índice usando o peso de cada um dos ramos do setor varejista, não se chega a 3%, mas a uma taxa muito menor. É um problema estatístico", explica.

O estranhamento aumenta quando se leva em consideração o fato de que outros indicadores que influenciam diretamente o comportamento do varejo têm registrado fortes aumentos em 2010. É o caso dos níveis de emprego, renda e crédito. Este último chegou a preocupar os analistas por causa das possíveis pressões inflacionárias.

Ano marcante

Bentes afirma que é improvável que outras quedas bruscas como esta aconteçam no segundo semestre. Os movimentos do governo, retirando incentivos, e o aumento dos juros pelo Banco Central vão esfriar gradativamente o setor. No restante do ano, os movimentos devem ser mais modestos, em torno de 0,5%, para mais ou para menos.

Mesmo assim, tal foi a intensidade do crescimento do varejo no primeiro trimestre, que já é possível projetar um recorde para 2010. O melhor ano do setor na série histórica do IBGE havia sido 2007, com 9,8% de crescimento. No ano seguinte, o bom desempenho se repetiu, chegando a 9,1%. "Apostamos em uma fase muito boa para o restante do ano. Uma queda de 3% faz parecer que há uma crise, mas não é verdade. Mesmo a taxas menores, o crescimento vai persistir", afirma o economista.
 

Acompanhe tudo sobre:ComércioCréditoCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoVarejo

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor