Economia

Apesar dos protestos, economia do Chile cresce 1,1% em dezembro

O crescimento total para 2019 foi de apenas 1,2%, ficando abaixo das expectativas iniciais

Chile: atividade econômica em dezembro supera as expectativas (Cristobal Olivares/Bloomberg)

Chile: atividade econômica em dezembro supera as expectativas (Cristobal Olivares/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 16h48.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2020 às 17h37.

Santiago — Contra todos os pronósticos e desafiando previsões pessimistas, a economia do Chile cresceu 1,1% em dezembro do ano passado em relação ao mesmo período em 2018 e depois de dois meses de quedas intensas após viver uma grande onda de protestos sociais.

O Banco Central do país divulgou nesta segunda-feira o Índice Mensal de Atividade Econômica (Imacec) de dezembro, que subiu 0,6% em 12 meses e 3,5% em relação a novembro. Em outubro, mês em que a crise eclodiu, a atividade econômica caiu 3,3%.

O crescimento em dezembro, estimulado principalmente pelo setor de mineração, ficou bem acima da previsão do mercado, que era de uma queda de 1% para o mês.

"Vemos que a economia está começando a recuperar parte do que foi perdido depois de 18 de outubro (dia em que os protestos começaram). Quando há paz, as empresas podem funcionar, e a economia retoma o crescimento", disse o Ministro das Finanças, Lucas Palacios, no Twitter.

Já o subsecretário de Finanças, Francisco Moreno Guzman, afirmou na mesma rede social que "dezembro foi um mês com menos atos de violência", o que permitiu que "milhares de pequenas e médias empresas reabrissem as portas".

"Nossa economia é especialmente resiliente", enalteceu.

Estragos no PIB

Há mais de três meses, o Chile vive sua mais grave crise política desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), com confrontos nas ruas que causaram mais de 30 mortes e deixaram cerca de 3 mil feridos.

O que começou como uma convocação de estudantes para um protesto no metrô de Santiago contra o aumento da tarifa se transformou em uma revolta por um modelo econômico mais justo, mas que também derivou em episódios de extrema violência com saques, incêndios, barricadas e destruição de mobiliário urbano.

Apesar dos bons dados de dezembro, os protestos afetaram a economia chilena, especialmente o comércio e o turismo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) corrigiu recentemente suas previsões de crescimento para o país em 2020 de 3% para 0,9%.

Os dados oficiais serão divulgados pelo Banco Central em março, mas o Imacec em dezembro permite antecipar o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019 em de 1,2%, muito longe dos 2,5% previstos antes da crise e dos 4% registrados em 2018.

Com isso, 2019 será o ano de pior desempenho econômico do país em uma década, desde a crise mundial de 2008-2009.

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