Economia

Moedas emergentes mais fracas não cumprem promessa de boom

Em geral, a desvalorização da moeda traz benefícios às exportações dos países. Desta vez, entretanto, a regra não tem funcionado tão bem


	Câmbio: em geral, a desvalorização da moeda traz benefícios às exportações dos países. Desta vez, entretanto, a regra não tem funcionado tão bem
 (REUTERS/Bruno Domingos)

Câmbio: em geral, a desvalorização da moeda traz benefícios às exportações dos países. Desta vez, entretanto, a regra não tem funcionado tão bem (REUTERS/Bruno Domingos)

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Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2016 às 18h16.

Nova York - Apesar de os líderes das 20 maiores economias do mundo terem reiterado, no final de semana, o compromisso de não intervir no câmbio para tentar ganhar vantagens competitivas, as moedas de países emergentes têm vivido um período bastante turbulento desde que a crise financeira começou, em 2007.

A cotação do won sul-coreano está próximo de níveis não vistos desde a crise financeira, enquanto a rupia indiana atingiu níveis abaixo dos vistos durante a liquidação relâmpago de ativos emergentes, em 2013.

Em geral, a desvalorização da moeda traz benefícios às exportações dos países. Desta vez, entretanto, a regra não tem funcionado tão bem.

Entre os motivos, analistas apontam para a desaceleração da economia da China e o tombo dos preços do petróleo. Sozinhos, estes dois fatores prejudicam decisivamente os exportadores de commodities.

Os efeitos também são sentidos nos Estados Unidos, onde a valorização do dólar é um dos motivos que tem dificultado a intenção do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) de elevar os juros.

A ameaça de uma alta nos juros da maior economia do planeta tem mantido as moedas emergentes sob estresse desde que Ben Bernanke, o então presidente do Fed em 2013, indicou o início do fim programa de compras de ativo da instituição.

O anúncio trouxe pânico ao mercado financeiro, que retirou rapidamente seus recursos dos países emergentes, em um momento apelidado depois de "taper tantrum".

Governos de países dependentes das receitas de commodities, como a Malásia e a Indonésia, têm visto suas finanças deteriorarem nos últimos anos.

Segundo estimativas do Goldman Sachs, o petróleo contribuía com 30% das receitas do Orçamento malaio quando o barril estava perto dos US$ 100. Hoje, com a queda para a região dos US$ 30 por barril, a estimativa é que a commodity contribua com 10% das receitas.

Outros, com a China, decidiram elevar seu déficit fiscal para tentear impulsionar a economia. O resultado, no entanto, tem sido alta do déficit governamental e pressão sobre suas moedas.

A tendência de depreciação atinge inclusive as divisas de países que convenceram os mercados que implantariam reformas econômicas, como a Indonésia e a Índia.

A queda, no entanto, foi menor do que a de países que não fizeram o movimento, como o Brasil e a África do Sul.

Medido em dólares, o valor do comércio global recuou 13,8% em 2015, de acordo com o escritório de análise de política econômica da Holanda. Em volume, a queda foi de 2,5%.

Segundo a Capital Economics, embora menor, o volume exportado ainda é melhor do que o visto em 2012.

"Boa parte da desaceleração das exportações ficou concentrada em economias emergentes, principalmente na Ásia", escreveram analistas da consultoria.

Dados divulgados este ano mostram que a fragilidade do comércio global continua em 2016.

Na semana passada, Taiwan, Hong Kong e Tailândia divulgaram números de sua balança comercial que ficaram abaixo das expectativa do mercado.

A tendência deve continuar esta semana, quando a Coreia do Sul publicar suas exportações, estima o banco ANZ. 

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