Exportadores: "Não estamos diante de nenhum problema sanitário. É mais um de corrupção burocrática. Infelizmente, ganhou uma dimensão fora de controle, mas hoje a situação já está mais tranquila" (Nacho Doce/Reuters)
EFE
Publicado em 22 de março de 2017 às 17h15.
São Paulo - Os exportadores brasileiros de carnes descartaram nesta quarta-feira diminuir os preços por considerarem que a qualidade do produto continua intacta apesar do escândalo que levou diversos países a suspenderem temporariamente as importações.
"Não vamos baixar os preços porque não há uma piora da qualidade, já que até agora só há uma corrupção burocrática. Por que baixar os preços? Não vamos diminuir os preços", afirmou à Agência Efe o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli.
De acordo com ele, a crise gerada no setor "tomou uma proporção de outra dimensão" já que se trata de um "problema pontual" que não afeta "a qualidade e segurança do produto".
"Não estamos diante de nenhum problema sanitário. É mais um de corrupção burocrática. Infelizmente, ganhou uma dimensão fora de controle, mas hoje a situação já está mais tranquila", acrescentou.
Neste sentido, Camardelli informou que a "Rússia acaba de confirmar que manterá as importações" de carne brasileira e que já está prevista uma reunião com as autoridades do México, que suspendeu na terça-feira as importações, para lhes explicar sobre o caso.
Segundo a Polícia Federal, algumas das principais companhias do setor no país, entre elas as gigantes JBS e BRF, "maquiaram" com produtos químicos carnes que estavam em mal estado e não cumpriam os requisitos para o consumo, contando com a cumplicidade de dezenas de fiscais agropecuários.
A crise, segundo Camardelli, "terá impacto econômico porque hoje certamente esses países que determinaram o bloqueio temporário epresentam um percentual bastante significativo de nossas exportações".
China, Hong Kong e Chile estão entre os cinco países que mais importaram carne brasileira durante o ano passado, segundo dados oficiais da Abiec.
"A expectativa é recuperar esse espaço e voltar a exportar a esses países", apontou Camardelli.
O presidente da Abiec solicitou ao Ministério da Agricultura e a seus técnicos para que façam "visitas urgentes" a esses países para "que seja feita uma discussão direta" sobre o assunto.
No entanto, ele se mostrou esperançoso e afirmou que a Abiec continuará trabalhando para ampliar mercados em Indonésia, Canadá, México e Coreia do Sul, entre outros países.
"Agora resta trabalhar para minimizar os impactos na imagem por culpa de um problema interno, muito mais político do que técnico", concluiu.