Economia

Apesar de aumento, SP precisará de R$3,3 bi em subsídio de ônibus

Valor é quase o dobro da verba de R$ 1,7 bilhão reservada no orçamento da Prefeitura para bancar a frota em 2017

Ônibus: o valor é 26% maior do que o gasto em 2016 (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Ônibus: o valor é 26% maior do que o gasto em 2016 (Rovena Rosa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 09h32.

São Paulo - Mesmo com os aumentos de 14,8% da tarifa de ônibus integrada com trem e metrô e de 35% no bilhete mensal, a gestão João Doria (PSDB) ainda precisará de R$ 3,3 bilhões neste ano para subsidiar a operação do sistema municipal de transporte com a tarifa básica congelada em R$ 3,80.

O valor é 26% maior do que o gasto em 2016 - R$ 2,6 bilhões - e quase o dobro da verba de R$ 1,7 bilhão reservada no orçamento da Prefeitura para bancar a frota em 2017.

Os dados constam de um relatório publicado na terça-feira, 3, no qual a São Paulo Transportes (SPTrans) projeta o impacto no sistema do congelamento e dos reajustes nas tarifas que entram em vigor no próximo domingo, 8.

Os cálculos mostram que a participação da Prefeitura no custo total do sistema vai subir de 31%, em 2016, para 40% neste ano, o que representa um desembolso de R$ 75 milhões a mais por mês em subsídios.

Segundo o relatório, o custo total da operação dos ônibus municipais subiu de 16,2% em um ano, chegando a R$ 6,64 por passageiro hoje. Essa conta representa a divisão do custo integral do sistema pelos usuários que pagam tarifa, 75% do total.

Desses, contudo, 25% ainda pagam tarifa com desconto, ou seja, menos do que os R$ 3,80, por causa de benefícios como a integração, que isenta ou reduz o preço na segunda viagem, ou a meia passagem (R$ 1,90) para estudantes.

Como na prática, de acordo com a SPTrans, apenas 49% dos passageiros pagam a tarifa cheia de R$ 3,80, o valor médio que deve ser gasto com passagem de ônibus pelos passageiros pagantes neste ano será de R$ 3,19, o suficiente para bancar 48% do custo total - outros 10% são pagos pelos empregadores no custeio do vale-transporte e 2% são de receitas extra tarifárias.

Sem alterar neste momento nos 24,6% de usuários que não pagam tarifa (estudantes de baixa renda, idosos com mais de 60 anos e pessoas com deficiências), a gestão Doria projeta que terá de financiar R$ 2,67 por usuário de ônibus em 2017, o que resultará em um gasto de R$ 222,7 milhões por mês de subsídio direto de passageiro, ou R$ 273,5 milhões incluindo a manutenção da infraestrutura, como os terminais. Em 2016, o subsídio foi de R$ 1,76 por passageiro.

O estudo mostra que se a tarifa fosse reajustada pela inflação ela subiria para R$ 4,06. Já se os custos fossem divididos igualmente por todos os passageiros, sem descontos e gratuidades, uma tarifa de R$ 2,83 cobriria os custos do sistema.

O congelamento da tarifa básica em R$ 3,80 foi uma promessa de campanha de Doria e também valerá para o trem e para o metrô, conforme anunciou o governo Geraldo Alckmin (PSDB) na semana passada.

Se praticamente metade dos passageiros de ônibus não sofreram com o aumento e 25% continuarão isentos, 25% de usuários de ônibus terão de desembolsar mais dinheiro nas viagens.

No caso da integração com trilhos, usada por 18,4% dos passageiros, a tarifa sobe de R$ 5,92 para R$ 6,80. Já para os usuários de bilhete mensal, 6,2% dos usuários, o preço sobe de R$ 140 para R$ 190 (comum) e de R$ 230 para R$ 300 (integração).

Lucro e frota

O relatório da SPTrans ainda prevê a retirada de circulação de cem ônibus da frota (de 14,8 mil para 14,7 mil), e o cancelamento de dez linhas - as planilhas não detalham onde será o corte.

Já o número de viagens feitas nos coletivos municipais deve cair de 243,8 milhões por mês para 239,6 milhões, tendência já observada em 2016. Além disso, o estudo projeta um aumento de 5,1% para 5,6% no lucro dos operadores de ônibus neste ano.

Em nota, a gestão Doria informou que buscará aumentar os recursos para o subsídio por meio do corte de 15% no valor dos contratos do poder público já anunciado, com cortes também de cargos comissionados e de gastos de custeio, e que pretende também reduzir custos de operação para diminuir a necessidade de financiamento. Essa redução se daria por combate a fraudes e por reorganização de linhas.

Segundo a SPTrans, as reduções da frota, linhas e passageiros "expressam o ocorrido entre o final de 2015 e novembro de 2016". Já sobre o aumento previsto no lucro das empresas, diz que o cálculo foi feito com valores de novembro, quando há queda no preço do diesel, e que "não há elementos suficientes para se afirmar que este lucro seja de fato alcançado".

De acordo com o relatório, Doria terá de pagar R$ 400 milhões de subsídios de 2016 que não foram pagos pela gestão Fernando Haddad (PT).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:João Doria JúniorSão Paulo capitalTransporte de passageirosTransporte público

Mais de Economia

Governo reduzirá imposto de importação se preço de alimento no Brasil for maior do que no exterior

Festival da Primavera: China prevê 1,85 milhão de viagens diárias em 2025

RMB se mantém como 4ª moeda mais ativa do mundo em pagamentos globais

Brasil registra déficit de US$ 56 bilhões nas contas externas em 2024, o maior desde 2019