(Canal Gov/Divulgação)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 8 de abril de 2025 às 12h37.
Última atualização em 8 de abril de 2025 às 13h25.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta terça-feira, 8, a taxa de juros do país, atualmente em 14,25% ao ano, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, mesmo com a Selic alta e com as medidas tomadas por Trump, há um milagre em curso no país que não é macroeconômico e, sim, microeconômico.
“Apesar da taxa de juros e apesar do Trump, neste país está acontecendo um milagre. Não é um milagre macroeconômico. É um milagre microeconômico”, disse, enquanto participava da cerimônia de abertura do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção, em São Paulo.
Lula também afirmou que o dinheiro não pode ficar concentrado na “mão de meia dúzia” que vivem de “especulação, recebendo dividendo e aplicando”. O presidente disse que o dinheiro precisa circular nas mãos dos mais pobres.
“Embora eu não tenha o curso de economista da Unicamp, nem da USP e nem da Fundação Getulio Vargas, nem da Universidade Federal do Rio de Janeiro, eu tenho consciência de que o dinheiro tem que circular na mão de todos. O dinheiro não pode ficar concentrado na mão de meia dúzia vivendo de especulação, recebendo dividendo e aplicando. Não. Esse dinheiro precisa circular”, disse.
Lula ainda direcionou parte do discurso para analisar as medidas tomadas por Trump. Segundo ele, as medidas tomadas pelo presidente dos Estados Unidos de promover uma guerra tarifária enfraquecem o multilateralismo e não darão certo.
"Eu estou vendo o comportamento do presidente Trump nos Estados Unidos. Não sei o que vocês pensam, mas eu acho que não vai dar certo. Ninguém pega um transatlântico daquele, carregado, e muito carregado e faz as coisas que estão acontecendo lá. Ninguém brinca de que o mundo não existe, com quase 200 países. Ninguém esquece que todos os países querem ter soberania e querem estabelecer um processo de harmonia. Afinal de contas, a coisa mais importante hoje é o multilateralismo", disse.
O presidente também relembrou que a defesa do livre comércio e da globalização ganharam força a partir dos anos 1980 e que Trump quer dar um cavalo de pau na economia global.
"Quantos anos vocês passaram ouvindo que era preciso defender o livre comércio, quantos anos vocês ouviram dizendo que era preciso ter globalização, combater o protecionismo? Desde os anos 1980, quando [Margaret] Thatcher assumiu a Inglaterra e [Ronald] Reagan, os Estados Unidos. De repente, o mundo tem um cavalo de pau e um cidadão sozinho acha que é capaz de dar regras para tudo que vai acontecer no mundo. Eu tenho que dizer para vocês que pode não dar certo", disse