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Anticoncepcional oral não afeta preferência econômica, diz estudo

O que hormônios tem a ver com altruísmo e a disposição para competir e assumir riscos financeiros? Veja o que concluiu um time de pesquisadores suecos

Muito além da pílula (thinkstock/Thinkstock)

Muito além da pílula (thinkstock/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 5 de julho de 2017 às 15h50.

Última atualização em 5 de julho de 2017 às 16h26.

São Paulo - O uso de métodos anticoncepcionais de via oral, como a pílula, não afeta preferências econômicas.

Esta é a conclusão de um estudo recente de um time de pesquisadores (quase todas mulheres) do hospital da Universidade de Karolinska e da Escola de Economia de Estocolmo, ambos na Suécia.

340 mulheres entre 18 e 35 anos participaram por três meses de um experimento em que uma parte recebia anticoncepcionais orais e a outra parte recebia um placebo.

No final do período, todas participaram de um tipo de jogo que envolvia recompensas monetárias reais e media seu altruísmo e sua disposição para competir e assumir riscos financeiros.

Resultado: nenhuma diferença estatisticamente significativa nas características básicas dos dois grupos.

A mesma coisa aconteceu quando o estudo diferenciou entre quem estava em cada fase do ciclo menstrual no momento do teste, entre os níveis de hormônio no sangue ou entre quem tinha ou não usado anticoncepcionais no passado.

A conclusão importa porque alguns estudos anteriores haviam encontrado relação entre a variação hormonal do ciclo menstrual e questões como competição, disposição para risco e aversão a perda.

No limite, isso pode ser usado por quem queira justificar que a desigualdade econômica verificada entre os gêneros (como a salarial) é mero resultado de diferenças biológicas.

O novo estudo, que usa um grupo bem mais amplo, sugere que talvez a pequena escala de estudos anteriores tenha criado falsos positivos, ou que incentivos perversos de publicação tenham favorecido estudos com resultados claros em detrimento daqueles que não encontraram relação.

E a questão permanece: "apesar de diferenças sistemáticas nas preferências econômicas masculinas e femininas terem sido documentadas em um número grande de estudos experimentais, menos é sabido sobre o que determina estas diferenças. Os determinantes podem ser sociais ou biológicos ou uma combinação de ambos".

Uma coisa é certa: a criação da pílula anticoncepcional no começo dos anos 60 teve efeitos econômicos concretos.

A possibilidade da mulher controlar seu ciclo reprodutivo sem auxílio masculino aumentou sua capacidade de planejar sua educação e carreira no longo prazo, favorecendo sua participação e crescimento no mercado de trabalho.

O estudo aponta que mais de 100 milhões de mulheres usam hoje a pílula anticoncepcional oral, com taxas que se aproximam de 80% da população feminina fértil nos Estados Unidos e Europa Ocidental.

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