Veículos: "O PSI somente foi colocado em operação no final de janeiro, o que prejudicou sobremaneira a comercialização de caminhões e ônibus", disse presidente da Anfavea (Ty Wright/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 14h34.
São Paulo - A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) avaliou nesta quinta-feira, 6, que a queda de 18,7% na produção de veículos em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2013, é explicada pela demora na regulamentação das novas regras do Programa de Sustentação dos Investimentos - o BNDES Finame - PSI, linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para máquinas e equipamentos.
Apesar de as mudanças terem sido anunciadas em dezembro, a portaria que oficializa as normas para o financiamento só foi publicada no dia 24 de janeiro, uma sexta-feira, prejudicando os resultados do setor no início do ano.
"Algumas montadoras concederam férias coletivas antecipadas em dezembro e as estenderam até 20 de janeiro. O impacto foi bastante forte na produção", explica o presidente da Anfavea, Luiz Moan.
De acordo com ele, de 13 de dezembro, quando foi suspenso o PSI em vigor no ano passado, até 26 de janeiro, houve uma redução da produção.
"O PSI somente foi colocado em operação no final de janeiro, o que prejudicou sobremaneira a comercialização de caminhões e ônibus", destacou Moan. As vendas de caminhões caíram 10,9% na comparação com janeiro do ano passado. Para ônibus, a queda foi de 19,6% no mesmo período.
Rogério de Rezende, vice-presidente da Anfavea e responsável por Assuntos Institucionais e Governamentais da Scania, ressaltou que é "muito importante" para a indústria de caminhões trabalhar com previsibilidade no tempo, o que não ocorreu no ano passado. De acordo com ele, 90% da produção de caminhões hoje é financiada pelo PSI.
Apesar disso, o atraso não interfere nas metas da Anfavea para 2014. "A regulamentação da operação (do PSI) começou a valer a partir de 27 de janeiro e permanece até o fim do ano, daqui para frente temos que considerar as operações normais do PSI. Foi um efeito pontual do mês de janeiro", afirmou Moan.
A projeção é de alta de 1,4% na produção de veículos, na comparação com 2013, e aumento de 1,1% nas vendas.
As vendas de veículos novos, considerando comerciais leves, automóveis, caminhões e ônibus, cresceram 0,4% na comparação com janeiro de 2013, chegando a 312.618 unidades comercializadas.
Moan afirmou que o resultado é o maior para o mês de janeiro já apurado pela entidade, mas poderia ser ainda melhor se não fosse o entrave provocado pela demora na regulamentação do PSI.
De acordo com o presidente da Anfavea, houve redução de 9% no estoque do setor, de dezembro para janeiro, de 353 mil unidades para 320 mil, o que significa 31 dias de venda. A expectativa é de que fevereiro seja um mês forte de vendas, na comparação com o mesmo período do ano passado, já que o carnaval neste ano acontece só em março.
Máquinas agrícolas
A demora na publicação da portaria do PSI afetou também o resultado de máquinas agrícolas, cuja produção caiu 13,6% ante janeiro do ano passado. As vendas recuaram 29,9% na mesma base de comparação.
Milton Rego, também vice-presidente da Anfavea, explica que desde novembro, pela demora na regulamentação do programa, havia uma expectativa de redução drástica nas vendas de máquinas agrícolas.
As férias coletivas, de acordo com ele, foram ampliadas em razão da dificuldade do processamento dos contratos de financiamento. "Mas não indica tendência do mercado do ponto de vista estrutural e a previsão continua sendo de estabilidade para 2014", disse.
Apesar disso, Rego alerta que janeiro é um período importante de venda de colheitadeiras, mas o resultado deste ano ficou prejudicado pela falta de regulamentação do PSI e a situação pode se repetir na virada para 2015. "A expectativa é de previsibilidade, mas, de novo, no final do ano, se não for contornada a questão antes, deve voltar a acontecer."