Economia

Analistas já revisam para baixo projeções para emprego em 2018

A FGV, por exemplo, reduziu de 700 mil para 500 mil sua previsão de criação de empregos formais este ano

Emprego: no primeiro trimestre, o total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado caiu ao menor patamar desde 2012 (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Emprego: no primeiro trimestre, o total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado caiu ao menor patamar desde 2012 (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de abril de 2018 às 10h15.

Rio e São Paulo - O ritmo de recuperação da economia mais lento que o esperado já começa a se refletir no emprego. No primeiro trimestre, o total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado caiu ao menor patamar já registrado na pesquisa Pnad Contínua, do IBGE, que teve início em 2012. E analistas começam a rever, para baixo, as projeções da criação de vagas formais este ano.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por exemplo, reduziu de 700 mil para 500 mil sua previsão de criação de empregos formais este ano. "O PIB afeta a estimativa de geração de vagas, com certeza. A grosso modo, está havendo uma frustração de crescimento (da economia)", disse o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre/FGV.

Os desempenhos decepcionantes nos principais setores da economia - indústria, comércio e serviços - também levaram a Confederação Nacional do Comércio (CNC) a reduzir sua projeção de criação de empregos formais de 1,420 milhão para 1,380 milhão. Mesmo assim, essas estimativas ainda são consideradas otimistas: as projeções de analistas consultados pelo Estadão/Broadcast apontam para a abertura média de 900 mil vagas formais. "O nível de atividade engasgou um pouco nesse primeiro trimestre. A expectativa era que engatasse a segunda marcha, mas não engatou ainda não", disse Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC.

Embora as projeções para 2018 ainda sejam de geração de vagas, a verdade é que, no período de um ano, segundo os dados do IBGE, o País perdeu 493 mil vagas formais. E o total de vagas com carteira assinada caiu a 32,913 milhões em março, o montante mais baixo da série histórica iniciada em 2012.

Para os analistas, uma recuperação mais forte do emprego está condicionada, além do desempenho do PIB, à melhora dos níveis de confiança do empresariado, investidores e consumidores, ao reaquecimento de setores importantes e intensivos em mão de obra e à ampla adoção de novas possibilidades de contratação oriundas da reforma trabalhista, entre outros fatores. Contudo, os especialistas apontam que tais variáveis estão hoje cercadas por incertezas, tanto econômicas quanto políticas.

Mas, apesar da frustração no curto prazo, para Bentes, da CNC, a percepção de melhora no mercado de trabalho no longo prazo ainda está garantida.

O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Junior, reconhece que a recuperação do mercado de trabalho pode ficar abaixo do esperado se o crescimento do PIB for menor que os 3% projetados pela instituição. "Mas não é o que a gente espera, porque até a atividade de começou a gerar vagas em março." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:DesempregoEmprego formal

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo