Paulo Guedes, ministro da Economia e o pilar liberal do governo Bolsonaro (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
João Pedro Caleiro
Publicado em 16 de outubro de 2019 às 19h42.
Última atualização em 16 de outubro de 2019 às 19h46.
A agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, deve enfrentar um teste em 2020, ano de eleição municipal.
Se a economia não reagir, analistas acreditam que podem surgir pressões no Congresso ou dentro do próprio governo para que medidas de estímulo mais intervencionistas sejam adotadas.
Neste ano, mesmo sem contar com uma base formal do governo, o Congresso avançou na reforma da Previdência com base na aposta de que colheria os dividendos com a volta do crescimento, diz Christopher Garman, diretor-gerente da consultoria Eurasia. Sem isso, a estratégia “poderá ruir”. “Se a economia não se recuperar, quais os incentivos do Congresso para apoiar um governo que não tem base aliada?”
O Brasil caminha para fechar o terceiro ano de crescimento baixo após a recessão e, sem uma melhora que reduza o desemprego e o mal-estar social, pode haver efeito sobre as eleições municipais do próximo ano.
Nesse caso, as pressões podem vir não apenas do Congresso, mas também de dentro do governo contra a agenda de Guedes, segundo Ricardo Ribeiro, analista da MCM Consultores. Caso a economia não deslanche, a situação do ministro da Economia pode se complicar, disse o consultor.
Assim como ocorreu neste ano, 2020 deve começar com otimismo sobre a expectativa de crescimento. Damont Carvalho, gestor de fundos da Claritas Administração de Recursos, prevê expansão de 2,2% do PIB no próximo ano graças às reformas, aumento dos investimentos e queda dos juros.
Ele admite, contudo, que uma nova frustração da economia, em meio ao cenário internacional incerto, seria preocupante. “Se a economia continuar a frustrar, vai ser desafiador, pois o Congresso poderia ficar tentado a ser mais populista. Mas continuamos acreditando que o crescimento voltará.”
A questão é se o país vai para caminhar para um crescimento de 2% ou mais do PIB ou se ficará limitado a 1% ou 1,5%, disse Garman, da Eurasia. “Se tivermos retomada mais robusta, a política melhora. Se não, entra desespero no Congresso.”
O Ministério da Economia não respondeu a pedido de comentários feitos pela Bloomberg sobre as análises incluídas nesta matéria.