Ana Amélia: senadora defendeu que poder público e iniciativa privada se unam em prol de ações para o agronegócio (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 8 de agosto de 2018 às 20h56.
Brasília - A senadora Ana Amélia (PP), candidata a vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto, defendeu nesta quarta-feira em entrevista à Reuters uma atuação mais pragmática do ponto de vista comercial da chancelaria brasileira, principalmente na relação com a Rússia.
Ana Amélia disse que o país deveria ter aproveitado o fato de não ter feito questionamentos à Rússia no episódio do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal, que foi envenenado na Inglaterra, para cobrar o gesto daquele país na retirada do embargo à carne suína brasileira. Esse veto ao produto do Brasil vigora desde dezembro passado.
"A Rússia, por exemplo, eu acho que a diplomacia tinha que, não enérgica, mas ser mais pragmática. Quando houve aquele episódio na Inglaterra do envenenamento do russo, vários países, a começar pela Inglaterra, impuseram sanções à Rússia, sanções de natureza econômica. O Brasil não fez nada, não teve nenhum gesto e a Rússia mantém o embargo à carne suína brasileira", argumentou.
"O Brasil deveria aproveitar esse episódio e dizer: 'olha, a negociação comercial, a relação comercial com a relação político-diplomática estão caminhando juntas'. Nós não fizemos nenhuma ação de represália ou de sanção... então deem um gesto de boa vontade, para abrir a porta para a carne suína brasileira que continua sob embargo. Eu tenho essa visão, eu acho que esse é o pragmatismo comercial, uma visão na área da relação comercial bastante clara", defendeu.
Questionada se teria havido submissão do governo brasileiro, a senadora não quis falar que houve isso, mas "talvez" se perdeu a oportunidade de colocar a questão de forma diferente.
"Perdeu a oportunidade de tirar proveito em benefício do produtor brasileiro, de defender isso, usando a diplomacia. Acho que a gente tem elementos para fazer essa articulação que possam trazer benefícios aos nosso produtores e ao país, né? Quanto mais exporta, maior fica suas reservas cambiais", disse.
A senadora defendeu também que o poder público e a iniciativa privada se unam em prol de ações para o setor do agronegócio, no momento em que o Estado não tem condições de arcar sozinho com recursos para a realização de obras de infraestrutura e logística, como melhores estradas para escoar a produção e armazenar grãos.
"O setor privado tem a sua expertise, sabe como produzir, sabe como fazer. Tem que encontrar mecanismos para resolver essas questões porque a infraestrutura não pode ser feita dessa forma. Um Estado que não tem poupança para fazer investimento nesses setores precisa compartilhar essa responsabilidade com quem tenha capital e queira participar como se faz hoje nas rodovias", disse.
(Reportagem adicional de Anthony Boadle e Jake Spring)