Bandeiras do Mercosul: os Estados Unidos e os países da União Europeia continuam sendo os principais investidores na América Latina e no Caribe (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2013 às 13h59.
Santiago do Chile - A América Latina e Caribe recebeu em 2012 um montante recorde de investimento estrangeiro direto no valor de US$ 173,6 bilhões, 6,7% a mais do que em 2011, informou nesta terça-feira a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) das Nações Unidas.
Esta aumento ocorre apesar do "contexto externo da marcada redução destes fluxos mundiais", indicou o organismo das Nações Unidos ao publicar, em Santiago, o relatório sobre o investimento estrangeiro direto na América Latina e no Caribe em 2012.
Os número se explicam pelo sustenido crescimento econômico da região, os altos preços das matérias-primas e a elevada rentabilidade dos investimentos associadas à exploração de recursos naturais, acrescenta o documento apresentado pela secretária executiva da Cepal, Alicia Barcena.
Para este ano, a Cepal projeta que as entradas de Investimento Estrangeiro (IED) na região ficarão em uma categoria que oscila entre uma queda de 3% e um aumento de 7%.
"Os resultados obtidos em matéria de investimento estrangeiro direto dão conta do bom momento que atravessa a economia da América Latina", destacou Barcena.
No entanto, a Cepal adverte que não vê indícios muito claros de uma contribuição relevante do IED à geração de novos setores ou à criação de atividades de alto conteúdo tecnológico".
Segundo o relatório, o IED vai se orientando cada vez mais rumo à exploração de recursos naturais, em particular na América do Sul. O peso da manufatura é bastante limitado, com exceção do Brasil e México.
Com relação às utilidades das empresas transnacionais que operam na América Latina e no Caribe, estas aumentaram 5,5 vezes em nove anos, passando de US$ 20,4 bilhões em 2002 para US$ 113 nilhões em 2011.
Na média, as empresas transnacionais repatriam para suas sedes uma proporção de seus lucros ligeiramente superior (55%) do que os que são revertidos aos países da região onde foram geradas (45%).
A Cepal advertiu que "o crescimento tão marcado destes lucros tende a neutralizar o efeito positivo que produz o ingresso de investimento estrangeiro direto sobre o balanço de pagamentos".
Assim, entre 2006 e 2011 as rendas do IED na região foram de US$ 92 bilhões anuais, 92% do valor das entradas de investimento estrangeiro direto no mesmo período.
O Brasil continua sendo o principal receptor do IED, apesar do leve descenso de 2% registrado em 2012, quando recebeu US$ 65,2 bilhões, 41% dos fluxos regionais.
Em 2012, os aumentos mais importantes se concentraram no Peru (que recebeu US$ 12,2 bilhões) e no Chile (US$ 30,3 bilhões), transformando este último no segundo destino mais importante do IED.
Outros países que mostraram incrementos com relação a 2011 foram Argentina (27%), Paraguai (27%), Bolívia (23%), Colômbia (18%) e Uruguai (8%). Na América Central, se destacam os resultados de El Salvador (34%), Guatemala (18%), Costa Rica (5%), Honduras (4%) e Panamá (10%), que segue sendo o principal receptor desta região.
O México experimentou uma queda importante com relação a 2011. Outros países que também registraram quedas em 2012 foram Equador, Venezuela e Nicarágua.
Os Estados Unidos e os países da União Europeia continuam sendo os principais investidores na América Latina e no Caribe. Também ganham destaque Canadá e Japão e, em menor medida, os próprios países da região (14% do total).
A alta porcentagem do investimento recebida não pode ser adscrita à nenhuma economia pela prática cada vez mais comum das transnacionais de canalizar seus investimentos no exterior mediante filiais em terceiros países.
Em seu relatório, a Cepal também realiza uma primeira aproximação dos efeitos do IED nos mercados de trabalho.
Assim, as atividades de comércio e de construção são as que geram mais emprego (sete postos por cada milhão de dólares de investimento), seguidas pela indústria manufatureira e os serviços (três postos).
As atividades mineiras (incluído o petróleo) encontrem um posto de trabalho por cada dois milhões de dólares.
O investimento direto das economias da América Latina e do Caribe no exterior cresceu 17% entre 2011 e 2012, até chegando aos US$ 48,7 bilhões.