Economia

América Latina pode impulsionar recuperação na Europa

"Em um entorno internacional complexo, a América Latina é uma região de oportunidades", disse o ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos

O ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos: o ministro espanhol deu ênfase à necessidade de uma maior liberalização de intercâmbios (©AFP / Dominique Faget)

O ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos: o ministro espanhol deu ênfase à necessidade de uma maior liberalização de intercâmbios (©AFP / Dominique Faget)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2012 às 18h42.

Madri - A América Latina, com um mercado em alta que atrai comércio e investidores, pode ser um dos motores de impulsão para a recuperação da Europa, eliminando barreiras e aportando sua experiência na superação de crises, disseram nesta terça-feira em Madri ministros de Finanças da região.

"Em um entorno internacional complexo, a América Latina é uma região de oportunidades, com uma população jovem, em pujança econômica e um mercado em crescimento", disse o ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos, na abertura de um encontro de responsáveis de Assuntos Econômicos ibero-americanos.

"Estamos convencidos de que a médio e longo prazo, a região continuará sendo um dos motores do crescimento econômico mundial", afirmou Guindos ante ministros e vice-ministros de Finanças e representantes de grandes empresas espanholas, reunidos para preparar a XXII reunião Ibero-americana, que acontecerá nos dias 16 e 17 de novembro, em Cádiz.

A solidez da economia latino-americana "é uma boa notícia para a União Europeia (UE) em um momento de dificuldades, de dúvidas, nos quais se começa a falar de uma recessão suave na Zona Euro", afirmou De Guindos.

Assim, o comércio bilateral entre América Latina e Espanha, que se duplicou na última década, "é uma avenida de mão dupla", afirmou, enfatizando que as exportações espanholas à região foram incrementadas em 20% em 2011.

O ministro espanhol deu ênfase à necessidade de uma maior liberalização destes intercâmbios.

"Todas as medidas que vão contra estes fluxos comerciais introduzem insegurança jurídica e afetam os investimentos (...) o que é prejudicial do ponto de vista de nossas populações", afirmou.

Por esse motivo, "é importante que desde o setor público geremos políticas de estímulo do comércio e do investimento e eliminemos as barreiras burocráticas", afirmou.


As empresas espanholas foram expostas nos últimos meses a expropriações como a da YPF, da petroleira Repsol por parte da Argentina ou da Transportadora de Eletricidade na Bolívia, que provocaram inquietação sobre a segurança de outras companhias que operam na região.

Também o secretário-geral Ibero-americano, Enrique Iglesias, considerou que o comércio internacional pode contribuir para a saída da Europa de uma crise que, caso se estenda, ameaça afetar a América Latina.

"É necessário estar atentos aos riscos associados a uma deterioração da crise ou a uma recuperação muito lenta da Zona Euro", disse. Porque "tais eventos, podem provocar uma desaceleração da demanda global de matérias-primas e portanto frear o impulso exportador da América Latina, disse.

Na opinião de Iglesias, a região, que "passou por difíceis anos 80 e difíceis anos 90" deve aportar sua experiência na superação da crise para beneficiar a todos". Além disso, diz o secretário, é preciso coordenar suas propostas econômicas para que sejam ouvidos nos espaços de debate e decisão, como o G20, ao qual pertencem Brasil, México e Argentina.

Nesse sentido, as reuniões ibero-americanas, um dos primeiros fóruns que reúne aos países da região desde sua criação em 1991, oferecem a oportunidade de debater "quais são os desafios e como podemos trabalhar para resolvê-los", afirmou o secretário de Estado espanhol de Cooperação, Jesús Gracia.

A reunião devia contar com as intervenções dos ministros de Finanças da Guatemala, Sergio de la Torre; Panamá, Frank de Lima; Uruguai, Fernando Lorenzo, e Costa Rica, Edgar Ayales assim como de empresários como Francisco González, presidente da BBVA, e Juan Pablo San Agustín, vice-presidente da CEMEX.

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