Dólares: a questão orçamentária/fiscal também segue influenciando as taxas. Ontem, o relator-geral do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o rombo na peça orçamentária pode ser maior do que o déficit de R$ 30,5 bilhões estimados (thinkstock)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2015 às 17h47.
São Paulo - A alta de 1,68% do dólar comercial, a R$ 3,7530, nesta quarta-feira, 2, pressionou a curva de juros, mas afetou, sobretudo, a ponta curta, que passou a precificar uma chance maior de aumento da Selic no encontro de hoje, embora a manutenção da taxa em 14,25% seja majoritária.
As taxas também reagiram à conjuntura desgastada exposta nas últimas semanas. Há uma percepção de que a economia vai muito mal, com os dados da produção industrial divulgados esta manhã sendo o expoente mais novo.
E apesar de isso sugerir chances menores de alta dos juros, reforça a ideia de perda de grau de investimento do País.
Segundo o IBGE, a produção industrial caiu 1,5% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, resultado bem pior do que a pior das projeções do mercado, que era de -0,6%. Ante julho do ano passado, houve queda de 8,9%, também bem pior do que o esperado (-7,3% a -5%).
A questão orçamentária/fiscal também segue influenciando as taxas. Ontem, o relator-geral do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o rombo na peça orçamentária pode ser maior do que o déficit de R$ 30,5 bilhões estimados na proposta.
Isso porque ele disse já ter encontrado despesas não incluídas pelo governo, num total, por enquanto, de R$ 3,4 bilhões.
Os analistas estão replicando essa informação de rombo maior, mas, hoje, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, rebateu essas avaliações.
"Vocês têm de perguntar aos analistas. Temos previsão de receita, estamos confiantes nessa previsão (de rombo de R$ 30,5 bilhões)", disse. O mercado, no entanto, pede prêmio nesse cenário turbulento.
Na ponta mais curta da curva, a disparada do dólar está tendo participação importante. Como o preço que o Copom usou no encontro anterior era bem menor do que o que a moeda está sendo negociada agora, isso obrigou os agentes a prever a necessidade de novos aumentos da taxa de juros.
Isso, no entanto, não deve acontecer no encontro de hoje, mas a precificação indica uma nova alta de 0,25 no encontro de outubro e outra do mesmo tamanho, em novembro. A conferir.
No fechamento da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2016 apontava 14,385%, ante 14,325% no ajuste de ontem.
O DI para julho de 2016 encerrou em 14,83%, de 14,55% no ajuste da véspera. O DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 14,80%, ante 14,43% no ajuste da véspera.
O DI para janeiro de 2019 fechou em 14,90%, de 14,49% ontem, e o DI para janeiro de 2021 projetava 14,72%, de 14,39%.