Economia

Alta de juros deve diminuir busca de crédito por famílias

A taxa para pessoas físicas subiu 0,9%; já a para empresas elevou a 0,3%


	Dinheiro: o crédito voltado para investimentos continuará crescendo, como os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os liberados para financiar a habitação
 (Andrew Harrer/Bloomberg)

Dinheiro: o crédito voltado para investimentos continuará crescendo, como os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os liberados para financiar a habitação (Andrew Harrer/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2013 às 16h38.

Brasília – As taxas de juros mais altas para famílias e empresas devem ser fator de desestímulo à tomada de crédito, disse hoje (29) o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.

A taxa para as famílias (pessoas físicas) subiu 0,9% e passou para 25,1% ao ano, de junho para julho. A alta para as empresas (pessoas jurídicas) chegou a 0,3% e está em 14,4% ao ano.

Nas operações de crédito com recursos livres, com alta de 1,4%, a taxa subiu para 36,2% ao ano, para pessoas físicas. Para as empresas, a taxa passou para 20% ao ano, com alta de 0,6 %. Maciel destacou que a alta dos juros ocorre devido ao ciclo de aumento da taxa básica de juros da economia (Selic).

Apesar de esperar menos interesse pelo crédito, por causa da alta dos juros, Maciel acredita que os financiamentos continuem como “instrumentos do crescimento econômico”. “É natural que taxas de juros mais elevadas impliquem desestímulo à tomada de crédito”, disse ele. Em setembro, o BC vai divulgar, como sempre faz a cada três meses, novas projeções para o crescimento do crédito no país.

Maciel ressaltou, entretanto, que o crédito voltado para investimentos continuará crescendo. Ele citou o crédito direcionado, que, este ano, “abrange duas modalidades mais fortes”, que são os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os liberados para financiar a habitação. Tais modalidades, disse ele, "puxam o crédito e estão concentradas em bancos públicos”.

“O crédito livre também tem aumentado ao longo do ano, mas em ritmo menor que o direcionado”, destacou Maciel. O saldo das operações de crédito com recursos livres (R$ 1,444 trilhão) ficou estável em julho em relação ao mês anterior. Em 12 meses encerrados em julho, houve expansão de 9,2%. Já o saldo do crédito direcionado (R$ 1,101 trilhão) teve crescimento de 1,3% no mês e de 26,6%, em 12 meses.


Para Maciel, a estabilidade do crédito livre em julho pode estar associada ao ciclo produtivo das empresas. Segundo ele, em julho, ainda não tinha começado o ciclo mais forte da produção industrial, que ocorre a partir de setembro, para suprir o comércio em momento de aumento de vendas, característica de final de ano.

Maciel citou também a produção agrícola, que se inicia em agosto. Outro fator que pode ter influenciado no resultado é a queda da confiança, tanto de tomadores de crédito quanto dos bancos, após as manifestações de protesto no final de junho. “Isso pode ter sido fator adicional na medida que deixa tanto tomadores quanto os bancos mais cautelosos em ambiente que a confiança recuou.”

Os dados do BC, divulgados hoje, mostram ainda que o spread (diferença entre a taxa de captação de recursos pelos bancos e a de empréstimos aos cliente) do crédito com recursos livres subiu 1,3 % para as famílias de junho para julho. Para as empresas, houve alta de 0,6 %.

No caso do crédito direcionado, houve queda de 0,2 % para as famílias e de 0,1 % para as empresas.

Maciel explicou que o spread é influenciado pela inadimplência, pelos tributos, pelos lucros dos bancos e pelo risco. “O spread vinha caindo, acompanhou a inadimplência. [Mas] julho é um mês em que tivemos queda na confiança e isso torna tanto tomadores quanto bancos mais cautelosos na concessão.

Além disso, em julho, já houve um cenário internacional com um pouco mais de movimentação em termos de taxas de juros.”

De junho para julho, a taxa de inadimplência de empresas e famílias caiu 0,1 % e ficou em 3,3%, o menor nível da série histórica iniciada em 2011.

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