Prédio do Banco Central em Brasília: alta da Selic tem como objetivo o combate à inflação, afirma Capital Economics (Gregg Newton/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2014 às 07h50.
São Paulo - A surpreendente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que elevou, na quarta-feira, 29, a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, é um sinal de que o novo governo da presidente Dilma Rousseff (PT) pode focar mais no combate à inflação, afirmou a consultoria britânica Capital Economics em relatório.
"O foco vai agora se voltar para os planos do governo na área fiscal, mas novos apertos nos juros provavelmente também serão necessários", diz o texto, acrescentando que a Selic pode avançar mais 0,75 ponto porcentual até o fim do primeiro trimestre do próximo ano, ficando nesse patamar pelo restante de 2015.
A Capital Economics aponta que a decisão de subir os juros não foi unânime, com cinco votos favoráveis e três contrários, mas diz que o comunicado sugere que a maioria dos membros optou pelo aperto, pois os acontecimentos desde a última reunião "tornaram o balanço de riscos para a inflação menos favorável".
Os dados realmente indicariam um aperto, já que o IPCA acumulado em 12 meses ficou em 6,75% em setembro, bem acima do teto da meta de inflação, de 6,5%. Entretanto, a consultoria comenta que esse não é um fator novo, já que essa situação foi observada nos últimos quatro meses e o IPCA-15 sugere que a inflação deve desacelerar um pouco em outubro.
"Em vez de novos desdobramentos nas projeções de inflação, nós suspeitamos de que os verdadeiros motivos por trás da elevação surpreendente de ontem à noite foram políticos", afirma o relatório. Segundo o texto, a campanha eleitoral revelou um crescente descontentamento com a gestão da economia, em especial a inflação elevada. "As autoridades provavelmente adotaram a visão de que era melhor agir cedo para reconquistar alguma credibilidade."