Dólar (halduns/Getty Images)
Fabiane Stefano
Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 17h50.
O alívio da dívida oferecido por credores privados para os países mais pobres do mundo sob um plano de reestruturação do G-20 dependerá da situação de cada nação e talvez não necessariamente reduza a quantia devida, de acordo com o presidente do Clube de Paris.
Emmanuel Moulin, ministro de Economia e Finanças da França, disse em entrevista na quarta-feira que países devedores que participam do chamado marco comum do G-20 também precisam contar com o impacto nos bancos privados. “Exceções muito limitadas e específicas” poderiam ser acordadas caso a caso, disse.
O Clube de Paris, um tradicional grupo de 22 credores de governos ocidentais, em sua maioria ricos, está coordenando o plano do G-20. Um pedido surpresa de ajuda da Etiópia no mês passado preocupou investidores, que poderiam ser arrastados para uma onda de reestruturação da dívida na África após uma década de endividamento desenfreado.
A estrutura é a segunda fase da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida do G-20, que visa evitar uma crise da dívida de países em desenvolvimento devastados pelo impacto econômico devido à pandemia de coronavírus. O Chade e a Zâmbia também solicitaram a adesão ao acordo, que está aberto a mais de 70 países pobres.
Com poucos recursos para combater a pandemia, mais países africanos devem buscar reestruturar as dívidas sob o plano, disse Vera Songwe, secretária executiva da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África.
O marco do G-20 visa trazer todos os participantes a bordo, incluindo bancos chineses e instituições privadas, que agora são os maiores credores do mundo em desenvolvimento. Bons resultados podem abrir caminho para que a China entre formalmente no Clube de Paris, pois o país asiático se tornou o maior credor oficial. A China é atualmente apenas um membro temporário.
“A longo prazo, o marco comum pode ser a antecâmara da adesão da China ao Clube de Paris como membro pleno”, disse Moulin.
Para aliviar ainda mais a pressão sobre os países pobres, Moulin disse que a França visa garantir um aumento dos recursos do Fundo Monetário Internacional nas reuniões da primavera. O novo governo dos EUA deu impulso aos planos de emissão para US$ 500 bilhões em seus ativos de reserva, chamados de direitos especiais de saque, ou SDRs na sigla em inglês.
No ano passado, o governo Donald Trump bloqueou tal medida, criticando o plano de não ter como alvo países pobres. Os EUA são o maior acionista do FMI e têm direito de veto sobre qualquer aumento.
“Vários países na Europa e fora dela são a favor de uma nova alocação de SDRs, então vamos trabalhar duro para que isso aconteça, quanto mais cedo melhor”, disse Moulin.