O México é fortemente dependente da Aliança do Pacífico, por onde envia 80% de suas exportações (Carlos Jasso/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de julho de 2018 às 12h27.
A partir desta segunda-feira (23), México é a sede da cúpula da Aliança do Pacífico, o grupo de livre-comércio formado por Chile, Colômbia e Peru, em um momento em que as posturas protecionistas afloram no mundo todo, principalmente nos Estados Unidos.
O encontro acontece nesta segunda e terça-feiras no balneário de Puerto Vallarta, no estado de Jalisco.
Participarão o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e os chefes de Estado da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Peru, Martín Vizcarra, e do Chile, Sebastián Piñera.
Esses países representam 38% do PIB da América Latina e, em conjunto, são a oitava economia mundial, com uma população de 223 milhões de habitantes.
No encontro, era esperada a presença do presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, que foi convidado por Peña Nieto. Cancelou de última hora, porém, ao afirmar que não havia recebido o diploma formal que o reconhece como presidente eleito por parte do Tribunal Eleitoral, que tem tem até 6 de setembro para proceder a este trâmite.
Para o México, a Aliança do Pacífico é importante, já que busca diversificar seu comércio, fortemente dependente dos Estados Unidos, para onde envia 80% de suas exportações.
O México atualmente revisa o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) com Estados Unidos e Canadá, em negociações que devem se estender até 2019.
Também atualizou o acordo de livre-comércio com a União Europeia, vigente desde 2000, e é parte do Tratado de Associação Transpacífico, que foi ratificado em março passado, sem os Estados Unidos.
No entanto, não é o único país que busca ampliar seu comércio. Brasil, Argentina e Uruguai, países membros do Mercosul, buscam uma aproximação maior da Aliança do Pacífico. Participarão da cúpula o presidente Michel Temer e seus colegas argentino, Mauricio Macri, e uruguaio, Tabaré Vázquez.
Os líderes de centro-direita veem com bons olhos o livre-mercado e representam uma renovação ideológica na região, com exceção de Vázquez, um dirigente de esquerda.
O chanceler do Chile, Roberto Ampuero, disse que confia na permanência do México na Aliança do Pacífico com o governo do também esquerdista López Obrador.
"Os acordos que assinamos são acordos entre Estados e enfatizam elementos que vão muito além do que as distintas opiniões políticas dos governos nos momentos determinados", enfatizou.
A Aliança do Pacífico também chama a atenção internacional e, por ora, Austrália, Canadá, Singapura e Nova Zelândia buscam se converter em Estados associados do grupo.
Representantes desses países mantiveram um encontro com as quatro nações-membro no domingo, quando "revisaram os acordos da negociação comercial que estes oito países realizam e acertaram a forma para concluir o processo ainda este ano", segundo um comunicado da Secretaria de Economia do México.
Apesar do otimismo na Aliança do Pacífico, o grupo enfrenta desafios com as posturas protecionistas no mundo, em particular a dos Estados Unidos.
Este ano,o governo Donald Trump sobretaxou o aço do México, Canadá e da União Europeia, assim como vários produtos chineses, o que gerou represálias de seus sócios comerciais e o risco de uma guerra comercial.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu sobre os riscos das tensões comerciais para a economia global.
"Com esta onda de protecionismo, onde todos os países estão se voltando para políticas mais nacionalistas, a Aliança é uma plataforma importante", declarou à AFP Manuel Valencia, acadêmico do Instituto Tecnológico de Monterrey.
Lançado em 2012, o grupo de livre-comércio representa 50% do comércio total da América Latina, e é o maior exportador global de truta, abacate, goiaba e metais como o cobre e o chumbo.
Ao mesmo tempo, é o quinto receptor de investimento estrangeiro direto global.