Economia

Alemanha se prepara para redução do crescimento em 2012

País espera crescer 0,7% em 2012, mas diz que recessão só acontece caso a crise europeia piore

Angela Mrekel e o ministro da Economia, Philipp Rösler: previsão de crescimento menor ( Rainer Jensen/AFP)

Angela Mrekel e o ministro da Economia, Philipp Rösler: previsão de crescimento menor ( Rainer Jensen/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 13h39.

Berlim - O governo alemão revisou para menos sua perspectiva de crescimento para 2012, mas assegurou que uma recessão não está nas previsões, a menos que a crise na Eurozona se aprofunde.

Berlim espera um pequeno crescimento de 0,7% neste ano, segundo um relatório redigido pelo ministério da Economia, que esperava anteriormente um crescimento de 1%.

A Alemanha também divulgou pela primeira vez sua previsão para 2013, que prevê uma recuperação do crescimento para 1,6%.

O ano de 2012 será marcado por um freio depois de dois anos bons (+3,7% em 2010, +3% em 2011).

Alguns economistas consideram o governo alemão muito otimista: Jörg Krämer, chefe economista da Commerzbank, espera uma estagnação total do produto interno bruto neste ano, enquanto Ben May (Capital Economics) chega a falar sobre uma recessão de 0,5%.

Garrelt Duin, especialista em questões econômicas da oposição social-democrata SPD, acusa o governo de se "recusar a ver a realidade".

Segundo ele, a chanceler Angela Merkel e sua trupe pintam de rosa a situação econômica alemã para justificar sua política de austeridade, em vez de tomar medidas de estímulo.

A primeira economia europeia "vai bem, não podemos de maneira nenhuma falar de recessão", assegurou o ministro da Economia Philipp Rösler durante uma coletiva de imprensa, prevendo, no máximo, um "inverno oco".

Ele acredita que o país poderá voltar a um crescimento do produto interno bruto já no primeiro trimestre: "Esperamos um crescimento de 0,1%" no início deste ano, enquanto a Alemanha passou no vermelho no quarto trimestre de 2011, com uma "queda de 0,3%" do PIB, disse Rösler.


Quanto ao resto, a Alemanha espera um déficit público estável em 1% do PIB e uma taxa de desemprego de 6,8% em 2012.

Mas a evolução da conjuntura "depende decisivamente do crescimento e da estabilidade dos parceiros europeus", afirmou Rösler. "Um crescimento contínuo da Alemanha só é possível caso a Europa tenha um crescimento durável", estimou.

"A previsão anual do governo repousa em duas condições centrais, na solução da crise da Eurozona e no fim da incerteza dos mercados. Uma agravação da crise será, sem dúvida, o maior risco para a evolução econômica em 2012", prevê o ministério da Economia em seu relatório.

"A Alemanha verá suas forças de crescimento se voltarem cada vez mais para a demanda interna", consumo das famílias ou investimento de empresas, em detrimento das exportações, segundo o relatório publicado pelo ministério.

Rösler afirmou que isso terá "um efeito estabilizador sobre os parceiros europeus", que se apóiam na Alemanha, grande exportadora.

O ministério da Economia estima que "riscos suplementares residem no congelamento da economia internacional, principalmente se os Estados Unidos não encontrarem o caminho do crescimento".

No que diz respeito ao países emergentes, "o crescimento deles em curto prazo será freado pelo fim das políticas monetárias expansivistas e pelo enfraquecimento das economias desenvolvidas, mas a dinâmica do crescimento de base continua intacta", assegura Berlim.

O Banco Mundial fez um alerta na terça-feira contra uma forte desaceleração da economia global, incluindo "novos riscos de danos" para os países emergentes, a China e a Índia em particular.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaCrescimento econômicoCrises em empresasDesenvolvimento econômicoEuropaIndicadores econômicosPaíses ricosPIB

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo