Economia

Alemanha e França criticam protecionismo dos EUA

Críticas aumentam após ameaças de Trump sobre taxação de importações de aço e alumínio mundiais e exportações europeias de automóveis

Posicionamento protecionista do presidente americano é criticado por países europeus (Nicholas Kamm/AFP)

Posicionamento protecionista do presidente americano é criticado por países europeus (Nicholas Kamm/AFP)

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AFP

Publicado em 5 de março de 2018 às 11h09.

A Alemanha considerou nesta segunda-feira (5) que os  Estados Unidos estão "tomando um caminho equivocado" com a adoção de medidas protecionistas, enquanto a França declarou ser "importante que a União Europeia reaja rapidamente e de maneira proporcional".

Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, ameaçou taxar as importações de aço e alumínio mundiais e as exportações europeias de automóveis, provocando muitas críticas.

"Não queremos que a situação piore e não queremos algo que se aproxime de uma guerra comercial que não beneficiaria ninguém", declarou Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, em coletiva de imprensa em Berlim.

Já o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou "que está claro que (essas medidas) estariam contra as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio)", apontando que, neste caso, "a UE estaria em seu direito de iniciar uma ação e adotar medidas contra bens americanos".

Trump acentuou sua retórica protecionista, ameaçando com um imposto sobre as importações de carros europeus, neste fim de semana, se a União Europeia responder com medidas semelhantes à sua decisão de impor tarifas pesadas sobre as importações de aço e de alumínio.

"Rejeitamos tais medidas, que afetariam significativamente o fluxo de comércio, afetariam significativamente nossa indústria, mas, sobretudo, afetariam trabalhadores e consumidores de ambos os lados do Atlântico", declarou o porta-voz alemão.

O governo alemão examinará com a Comissão Europeia e com seus parceiros europeus, incluindo a França, "o que realmente a administração americana irá implementar", acrescentou, depois de reafirmar o compromisso da Alemanha com o livre-mercado.

A União Europeia (UE) já havia indicado, na sexta-feira (2), que prepararia medidas de retaliação principalmente contra empresas americanas, como a fabricante de motocicletas Harley-Davidson, de whisky bourbon e calças Levi's, depois que Washington anunciou a imposição de taxas alfandegárias de 25% para o aço e de 10% para o alumínio.

"Se a UE pretende aumentar as taxas e as já enormes barreiras para as empresas americanas que fazem negócios por lá, simplesmente aplicaremos taxas aos seus carros que entram livremente nos Estados Unidos. Eles tornam as vendas dos nossos carros (e de outras coisas) impossíveis lá", rebateu Trump no Twitter.

Em inúmeras ocasiões, Trump acusou a UE de dificultar as importações de produtos fabricados nos Estados Unidos e ameaçou sujeitar os fabricantes de automóveis europeus a impostos aduaneiros, especialmente os veículos de luxo produzidos na Alemanha.

Os carros alemães representam apenas 7,9% do novo mercado automotivo nos Estados Unidos, de acordo com a federação alemã desse segmento.

No entanto, aponta o especialista no setor de automóveis da CAR na Alemanha Ferdinand Dudenhöffer, empresas alemãs como Volkswagen, Daimler e BMW poderiam sofrer uma queda de até 10% de seus lucros, se Washington cumprir suas ameaças tarifárias.

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